Jardins & Viagens

Costa Norte da Madeira, um segredo a conhecer

Faial, Madeira

Fomos descobrir paisagens de cortar a respiração, piscinas naturais, a maravilha da floresta Laurissilva e hotéis onde nos sentimos em casa.

 

Durante quatro dias, estivemos a convite do grupo hoteleiro Sensa a conhecer a costa Norte da Madeira. Descobrimos a beleza e diversidade da paisagem, a flora e fauna, a sua deliciosa gastronomia, os ambientes únicos. Mergulhamos nas piscinas e no mar com a água a 25 graus, caminhámos na floresta Laurissilva, dormimos em hotéis em frente ao mar e no meio da Natureza e pudemos usufruir de diferentes experiências. Voltámos com muita vontade de mostrar aos nossos leitores esta aventura e, mais do que isso, de os levar a vivê-la ao vivo.

O nosso primeiro contacto com a ilha foi um magnífico pequeno-almoço no Hotel Quinta do Furão, em Santana; não poderíamos ter começado de melhor forma. O hotel tem um ambiente requintado e confortável, mergulhado no meio da Natureza, pendurado sobre uma falésia, com uma vista deslumbrante sobre o mar e rodeado de vinhas. O jardim que o envolve é muito bonito e bem cuidado, um misto de plantas da macaronésia e plantas tropicais que lhe confere um ambiente único. Tem vindo a ser intervencionado por João Brazão, engenheiro agrícola, que é também o responsável pela manutenção, toda esta envolvente verde é uma das grandes mais-valias do Quinta do Furão.

 

Leia também:

Jardins e plantas da Madeira (parte I)

 

Os espaços comuns do hotel são muito confortáveis, bem como os quartos, com vistas fabulosas. Os restaurantes são também uma ótima surpresa pois a comida é de grande qualidade. O jantar servido no meio da vinha foi para mim um dos momentos altos desta estadia, bem como o workshop onde pude aprender a fazer o maravilhoso pão de Santana, receita exclusiva do Furão (leva batata-doce e é irresistível).

 

Sensa Hotels – Madeira

No dia 16, assistimos ao lançamento oficial da marca Sensa Hotels, que une num só grupo os quatro hotéis existentes, o Hotel Quinta do Furão e os hotéis Aqua Natura: Aqua Natura Madeira, Aqua Natura Bay, Studios By Aqua Natura, que se situam em Porto Moniz e onde também pernoitámos e desfrutámos da beleza da vista sobre o mar, dos belíssimos pequenos-almoços na varanda panorâmica e dos mergulhos nas piscinas naturais.

Neste mesmo dia, foi inaugurado o Il Furetto Pizzeria, o mais recente restaurante da Quinta do Furão e os novos Studios do Aqua Natura
Hotel, em Porto Moniz.

 

 

Faial

Depois do pequeno-almoço na Quinta do Furão, a nossa primeira paragem foi no Faial para apreciarmos a vista das magníficas falésias da costa Norte da Madeira. As escarpas repletas de vegetação até ao mar são algo verdadeiramente único. Eu já tinha tido a oportunidade de visitar o Faial em abril e tinha ficado fascinada com a beleza do local, pois a vista que se tem sobre a baía, o mar e a encosta é única. Agora tive a visão de baixo e foi igualmente bonita.

 

 

Porto Moniz

Deve o nome a um dos seus primeiros povoadores do século XV, Francisco Moniz, O Velho, oriundo do Algarve e de ascendência nobre, que se instalou aqui. Durante muitos anos, os acessos eram difíceis e demoravam-se muitas horas para chegar do Funchal até aqui. Hoje, com os túneis e estradas é rápido e é paragem obrigatória dos turistas que aqui vêm por causa da fama das suas piscinas, uma atração para milhares de turistas nacionais e estrangeiros.

A paisagem envolvente é extraordinária, o que transforma a experiência de mergulhar aqui em algo único. A entrada para a piscina é paga, mas tem uma série de condições ótimas, nadador-salvador, balneários, solário, bar, etc. Pessoalmente, fiquei rendida à piscina do Cachalote onde, tomei uns belíssimos banhos e onde foram gravadas, segundo sei, alguma cenas do novo filme Star Wars – estas piscinas são de acesso livre, mas têm alguma estrutura de apoio, bar, casa de banho, etc.

É uma vila com bastante oferta turística, mas onde podemos ir a pé a todo o lado, conseguimos fazer vários passeios, tomar banho e descansar.

 

Porto Moniz

 

Praia do Seixal e Piscinas da Poça da Lesma

Uma praia de areia preta, bonita e fofa que cobre toda a sua extensão. Vegetação a cobrir as encostas até ao mar, água a 23-25 oC, tudo convida a um mergulho. Uma praia com um pequeno parque de estacionamento de fácil acesso, com casas de banho, apoio de praia, duches e bar.

Bem perto temos as piscinas da Poça da Lesma, um recanto muito bonito, a morfologia das rochas de origem vulcânica forma aqui piscinas naturais com formas peculiares e únicas. A tonalidade escura das rochas contrasta de forma fabulosa com o azul intenso do Atlântico. Quando espreitamos de dentro da piscina para o mar é algo extraordinário dada a violência das ondas a bater na rocha e a salpicar. Há alturas em que o mar se adentra pelas piscinas.

Estas piscinas, tais como as do Cachalote, são de acesso gratuito, mas têm casas de banho, duche e um bar de apoio.

 

 

Fanal – Floresta Laurissilva

Este é um dos locais mais fascinantes que visitei na Madeira. Aqui podemos encontrar a Laurissilva, a floresta ancestral consagrada pela UNESCO como Património da Humanidade em 1999.

Estas árvores centenárias são verdadeiros monumentos vivos, aliás olhar para elas é absolutamente fascinante, cada uma delas parece uma peça de arte, uma verdadeira floresta encantada. A floresta Laurissilva, a flora originária da ilha da Madeira, aparece normalmente nas zonas onde há nevoeiros frequentes, produzidos pelas massas de ar que são obrigadas a subir as zonas montanhosas.

Estes nevoeiros, estas gotas de água, são de extrema importância para todo o sistema hídrico da ilha. Elas depositam-se nas folhas das árvores e escorrem posteriormente para o solo, abastecendo os lençóis freáticos subterrâneos.

A Laurissilva, consoante a altitude, tem diferentes tipos de vegetação: nas zonas mais baixas (300-600 m), é composta principalmente por barbusano (Apollonia barbujana), pela faia-da-madeira (Morella faya), os azevinhos-da-rocha (Ilex carariensis), as urzes (Erica platycoden sub. Maderincola) e os seixeiros (Salix canariensis).

 

Fanal

Fanal

 

Nas zonas mais altas (660-1400 m), como o Fanal, estão os núcleos mais bem conservados, pois também são mais altos os níveis de humidade relativa que este tipo de vegetação necessita. Predominam os tis (Ocotea foetens), os vinháticos (Persea indica) e os loureiros (Laurus novocanariensis). Da Laurissilva fazem parte outras árvores mais pequenas, como o cedro-da-madeira (Juniperus cedrus subsp. Maderensis), e arbustos como a roseira-brava (Rosa mandonii), vários fetos, a uveira-da-serra (Vaccinum padifolium) e o sabugueiro (Sambucus lanceolata), entre outros.

No Fanal, podem fazer-se vários trilhos pedestres, mais e menos longos e com graus de dificuldade maiores ou menores. Alguns deles são mais desafiantes e muitos oferecem magníficas panorâmicas sobre a paisagem envolvente. A levada dos Cedros e a Vereda do Fanal são dois
daqueles que se podem fazer a partir daqui.

 

Parque Florestal das Queimadas

Fizemos uma caminhada através deste magnífico parque, situado no concelho de Santana, na costa Norte da ilha da Madeira, e que é mais um local de excelência para a observação da riqueza da flora característica da floresta Laurissilva.

Podemos destacar, por exemplo, a presença de til (Ocotea foetens), urzes centenárias (Erica platycodon subsp. Maderincola), pau-branco (Picconia excelsa) ou uveira-da-serra (Vaccinium padifolium).

A paisagem do Parque Florestal das Queimadas é complementada pelas espécies de avifauna que por aqui podem ser frequentemente avistadas, animais como os endémicos bisbis (Regulus madeirensis) e o pombo-torcaz (Columba trocaz), mas também a manta (Buteo buteo
harteti), a lavandeira (Motacilla cinerea schmitzi) ou o tentilhão (Fringila coelebs madeirensis).

 

PARQUE DAS QUEIMADAS

 

Workshop de ponchas

Neste espaço encontram-se as casas de abrigo das Queimadas, que mantêm as características originais das antigas casas de Santana, como o telhado de colmo. Foi nesta zona que tivemos um workshop para aprender a fazer as famosas ponchas.

A poncha é a bebida característica da Madeira. Feita a partir de aguardente de cana-de-açúcar, é uma bebida altamente perigosa por ser muito alcoólica (40-50 graus) e, como tem sumo de fruta (principalmente se se beber com gelo), parece quase um sumo, mas tem de se ter muito cuidado – o melhor é não abusar!

As tradicionais são apenas três: a pescadora, que é só de sumo de limão, aguardente e açúcar; a regional, que é de sumo de laranja e de limão, aguardente e açúcar e pode levar mel ou não; e a de tangerina, com sumo de laranja e de tangerina, açúcar e aguardente de cana. Também provei a de maracujá, com polpa deste fruto, aguardente e açúcar, pode levar mel ou não. A minha favorita é a de tangerina, mas confesso que só consigo bebê-las com muito gelo e apenas uma. Gostei muito de ver como se fazem e de perceber toda a história à volta desta bebida cuja origem é desconhecida, embora uma das versões alegue que se deverá à colocação de limões dentro das barricas de aguardente para os conservar, para prevenir o escorbuto nos barcos, o que teria dado origem a esta bebida, mas não há certezas sobre este facto. A poncha pescador, a mais forte de todas, só com limão, é bebida pelos pescadores antes de irem para a pesca.

 

 

Achadas da Cruz – Fajã da Quebrada Nova

Fizemos a viagem no teleférico das Achadas da Cruz que liga estes dois pontos, um percurso que desce mais de 500 metros, um verdadeiro miradouro em movimento que se revelou um dos momentos inesquecíveis desta viagem. A panorâmica que nos oferece sobre a costa é única. Chegando à Fajã da Quebrada Nova, é a paz total! Uma praia de calhau, um sítio maravilhoso! A Fajã, ainda com bastante atividade agrícola, tem vários lotes de terreno cultivados, pontuados por pequenas casinhas tradicionais, grande parte delas recuperadas, que culminam num passeio que acompanha a costa tendo o mar como pano de fundo, que aqui ainda é mais bonito, pelo contraste da falésia e dos terrenos agrícolas.

Este teleférico, além da sua importante função turística, tornou-se uma peça fundamental para auxiliar no transporte dos agricultores e das suas colheitas, que anteriormente demoravam mais de uma hora e meia a fazer a descida por um caminho perigoso ao longo da escarpa.

 

Inspirada neste passeio, a Jardins está a organizar uma viagem para levar os leitores à Madeira. Inscreva-se!

Jardins do Mundo 2024 – Madeira

 

Gostou deste artigo? Então leia a nossa Revista, subscreva o canal da Jardins no Youtube, e siga-nos no FacebookInstagram e Pinterest.

Poderá Também Gostar