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Conheça “La” Alhambra: uma viagem no tempo ao Al-Andalus

Remontado aos tempos do Al-Andalus, encrustada no sopé da serra Nevada, no Sul de Espanha, encontramos uma fortaleza apalaçada digna de um maravilhoso conto de fadas. A imponente Alhambra e a sua silhueta dominam o horizonte de Granada.

Esta maravilha da arquitetura árabe tardou 150 anos a ser erguida da argilosa matéria que a sustenta – de facto, devido à sua quente cromatografia, era conhecida, à época como “A Vermelha” ou, em árabe, Qal’at al-hamra. Por sua vez, e considerando toda a componente defensiva que lhe está associada, é por muitos qualificada como uma obra fruto do medo e não um elemento triunfalista.

Contextualmente, a Alhambra surge no período de Mohamed I, o grande catalisador de tal projeto megalómano. Visando proteger o que restava de domínio mouro no Sul da Península, das investidas das alianças cristãs para a reconquista destes territórios.

Não obstante, esta monumental fortaleza não se limita simplesmente a fins militares; o seu potencial vai muito mais além. Uma vez que funciona ainda como uma complexa rede de palácios com fascinantes jardins que vão demarcando e definindo áreas e espaços ao longo de toda a cidadela.

Pátios e tanques, vistas desde os tanques

Um desses exemplos é o Generalife – complexo na parte mais elevada da fortaleza, situado acima da Alhambra. Aqui residiam e repousavam os reis Nazaris, distantes do frenesim militar que se vivia na Alhambra e do povo que habitava a Medina. De facto, ao longo da História, várias foram as personalidades conquistadas pelos encantos e magia da Alhambra.

A título de exemplo, cita-se o escritor norte-americano Washington Irving (séc. XIX), que associava à sua querida Alhambra: “Quantas lendas e tradições, verdadeiras e fabulosas, quantas canções e baladas, árabes e espanholas, de amor, de guerra e de bravura estão associadas a este monumento oriental”. Também, poetas mouros descrevem a Alhambra como “uma pérola encastrada em esmeraldas”, em alusão à cor dos seus edifícios e à dos bosques que os rodeiam.

Medina

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Estilo, jardins e espaços

Após diversos séculos de domínio muçulmano não só na Alhambra mas também por toda a Andaluzia, é bem patente o estilo de arquitetura árabe. Na Alhambra dá-se uma exponenciação dessa arte/estilo, culminando numa variante conhecida pelo granadino, onde se enfatizam os arabescos de interior.

Na prática, por toda a Alhambra é visível uma maravilhosa decoração, quer de interior quer de exterior, com folhagens rígidas e convencionais e inscrições árabes e padrões geométricos trabalhados em arabescos. Bem como azulejos pintados, funcionando como painéis para as paredes.

Após a Reconquista cristã, denota-se uma alteração dos estilos arquitetónicos na Alhambra – através dos Reis Católicos –, com especial ênfase para Carlos V. Este ordena a construção de um palácio dentro da Alhambra em contraste com toda a restante obra, uma vez que este se rege por estilos renascentistas.

Vista da Alhambra desde o sopé do bairro granadino de Albaicin

O complexo da Alhambra, considerando a sua extensão, divide-se por áreas ou espaços. Neste sentido, podem destacar-se os seguintes: Pátio do Mexuar e o Pátio da Alberca ou Arrayanes – murtas. Ambos com grandes tanques centrais – o elemento de água está por norma sempre presente nos jardins/ paisagismo de estilo árabe ou islâmico; ladeando o tanque encontram-se plantados diversos espécimes da Myrtus sp. (murta), criando diversos tons de verde refletidos no tanque.

De facto, este tanque tem a particularidade de refletir a majestosa torre da Alhambra (Torre de Comares) e do lado oposto, uma vista deslumbrante sobre a cidade de Granada.

Generalife

“O jardim árabe é um antegosto do paraíso”

A Torre de Comares e seus salões, maciço defensivo da Alhambra, onde, além da sua função defensiva, alberga o trono do sultão. A Sala da Barca, a Sala dos Moçarabes, a Sala das Abencerragens, onde se encontram maravilhosos arabescos e azulejos.

Arabescos e painéis de azulejos

O imponente Palácio dos Leões, onde se localizam as salas privadas do sultão e das suas esposas (harém), carateriza-se pela escassez de janelas com vistas para o exterior e ainda por um magnífico jardim interior. Este entronca-se na plenitude do ideal muçulmano do paraíso – “O que hoje é terra no pátio foi jardim“. Das salas saem quatro riachos que fluem para o centro: simbolizando os quatro rios do paraíso, convergindo na Fonte dos Leões.

O quarto do imperador, onde residiu o escritor norte-americano Washington Irving que ali escreveu os seus tão conhecidos Contos da Alhambra (1829). O Palácio de Carlos V e o Generalife, entre muitas outras áreas e espaços de menor dimensão que a Alhambra tem para oferecer ao transeunte a sua descoberta.

Cabe ainda referir o parque Alameda de la Alhambra, onde se podem encontrar laranjeiras; mirtilos; bosques de ulmeiros; roseirais, e um esplêndido subcoberto de flores nativas e prados sazonais. A título de consideração final, cita-se o autor espanhol Enrique Sordo (1963): “o jardim árabe é um antegosto do paraíso”.

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A Fonte dos Leões

Localização | como visitar

Alhambra Calle Real de la Alhambra, s/n 18009 Granada, Espanha

Para mais informações:

Consulte o site www.alhambra-patronato.es

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