Saiba como controlar estes pequenos insetos que atacam plantas como pinheiros, ciprestes, abetos, píceas e tuias, entre outras.
Agrande incidência e dimensão dos incêndios florestais que nos últimos anos têm assolado forma generalizada o País apresentam uma profunda alteração na dinâmica populacional de diversas pragas florestais. Tal facto é percetível a nível florestal, mas sobretudo ao nível da floresta periurbana, dominada em particular por pinhal.
Ao longo das ultimas décadas o pinhal bravo foi a espécie com maior representação em termos de área de ocupação, pelo que é facilmente percetível que os aglomerados urbanos se tenham vindo a desenvolver através destes ecossistemas florestais, sendo muitas vezes estes exemplares arbóreos utilizados na ornamentação de espaços verdes anexos às habitações.
Os incêndios florestais e o arvoredo periurbano
Os incêndios florestais implicam uma dupla penalização em termos fitossanitários sobre o pinhal.
Em primeiro lugar, e dado que as árvores mortas não serão um problema imediato em termos de gestão de pragas, as árvores afogueadas e em stresse, quer sejam em situações em que o fogo passou de forma rápida e não terá sido suficiente para provocar a sua morte, quer sejam árvores da periferia dos incêndios, também afetadas pelo calor, ao libertarem substancias aleloquímicas nomeadamente cairomonas (substâncias que quando emanadas provocam no indivíduo emissor uma reação desfavorável) atraem em grandes quantidades diversas espécies de insetos nocivos que as colonizam para se reproduzirem e posteriormente atacarem novas árvores.
Em segundo lugar, e tendo em conta as populações de insetos emergidos destas árvores afogueadas, a pressão sobre as restantes árvores será progressivamente maior, uma vez que a sua disponibilidade diminui com os incêndios.
Cumulativamente, as árvores saudáveis que em condições de densidades populacionais das pragas ditas normais não seriam atacadas, passarão a sê-lo em virtude da menor disponibilidade de hospedeiros em stresse.
As pragas
Diversos relatos na zona centro do País e também na zona de Sintra e de Cascais referem que têm sido registados ataques em resinosas de grande porte em jardins e outros espaços verdes, e que no espaço de alguns meses a um ano têm morrido sem causa aparente.
Após algumas consultas e diagnósticos realizados, concluiu-se que as mortes se deviam a fortes ataques de escolitídeos.
São insetos cujo tamanho varia de 3 a 8 mm em função da espécie, mas em que o corpo varia de esbranquiçado ou amarelado, nos imagos imaturos, a castanho-escuro, nos imagos maduros, e podem ser encontrados sob a casca das árvores.
As larvas ápodas e esbranquiçadas em forma de “C”, ao criarem galerias na casca (floema) e na madeira (xilema), impedem a passagem da resina no sentido descendente (sob a casca no floema) e conduzem à morte da árvore.
Os escolitídeos são um grupo de diversas espécies de pequenos insetos que atacam as resinosas (pinheiros, ciprestes, abetos, píceas, tuias, entre outras) e que se caracterizam por criarem inúmeras galerias sob a casca das árvores.
As três espécies mais relevantes em Portugal continental são o bóstrico-grande (Ips sexdentatus), o bóstrico-pequeno (Orthotomicus erosus) e a hilésina-do-pinheiro (Tomicus peniperda).
Estes insetos conseguem num só ano efetuar entre 3-10 gerações em função da espécie, pois iniciam os seus ataques em fevereiro e terminam sensivelmente em outubro-novembro.
O controlo
É sabido que possuindo estas pragas um ciclo de vida que se desenrola sob a casca, no interior da árvore, é bastante difícil o seu controlo. Contudo atualmente é possível através de tratamentos inovadores por injeção, metodologia também designada por endoterapia, proceder ao controlo destas pragas.
Esta metodologia consiste em injetar com a pressão correta e diretamente nos canais de resina (xilema) inseticida com sistemia ascendente que será translocado juntamente com a resina e distribuído por todos os órgãos da árvore.
O inseticida deverá ser injetado na base do exemplar arbóreo, devendo ser aplicado um ponto de injeção por cada 10 cm de perímetro da base do tronco da árvore.
Desta forma, a quantidade de inseticida a aplicar variará de forma diretamente proporcional com a dimensão de cada exemplar arbóreo a fim de se garantir a dose correta para cada árvore.
Tratando-se de um tratamento anual único, a época indicada para a sua realização é durante os meses de setembro/outubro, pois, efetuado nesta fase do ano, o tratamento produzirá efeitos sobre as primeiras gerações da(s) praga(s) do ano seguinte.
Esta tipologia apresenta um vasto leque de vantagens, nomeadamente: permite o tratamento contra pragas que se desenvolvem no interior do hospedeiro; a sua execução é completamente independente das condições climáticas; o aproveitamento do produto é completo; permite a realização do tratamento em quaisquer situações em que outras metodologias seriam inadequadas pela presença de crianças, de animais, de lagos, etc., uma vez que a nível de segurança para seres vivos e a nível ambiental não produz quaisquer impactes negativos.
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