Plantas

Doenças de outono dos relvados

relvado

 

Os nossos jardins são caracterizados pela grande diversidade de plantas, muitas delas com exigências culturais muito diferentes, sendo os relvados porventura o denominador comum entre eles.

 

De facto, os jardins nas nossas latitudes são espaços bastante utilizados no verão como palco de festas familiares, entre amigos, etc., mas paradoxalmente no período de férias acabam por carecer de alguns cuidados, fruto simultaneamente da adversidade climática mas também da irregularidade das manutenções.

Vários são os agentes nocivos dos relvados, nomeadamente a fusariose fria, o Pythium, o fio vermelho, a ferrugem, os anéis de bruxas, as helmintosporioses, a rizoctonia, a antracnose, a Lepthosphaerulina, a Typula paludosa, a T. oleracea, os escarabeídeos e os ralos. Contudo, dada a sua bioecologia e diversidade, as épocas de ataque são distintas. Assim, crê-se importante dedicar alguns parágrafos aos cuidados a prestar ao relvado dos jardins neste período pós-férias, dando especial relevância às pragas e/ou doenças que ocorrem ou se iniciam nesta época.

 

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Fio vermelho

Apresenta placas esbranquiçadas a rosadas entre 3-30 cm. As folhas infetadas ficam acastanhadas, contrastando com o verde das folhas sãs. Com a ocorrência de humidade surgem filamentos do micélio com cor avermelhada e surge também “algodão” de tonalidade rosada. O micélio adquire um aspeto pegajoso em situações de humidade.

As épocas de risco mais elevado ocorrem entre setembro e novembro. Desenvolve-se com temperaturas entre os 0-30 oC e em períodos de alguma humidade (formação de orvalho, nevoeiro ou chuvas pouco intensas). Também em situações de crescimento mais lento, como baixas temperaturas, seca ou fertilização pouco adequada.

É importante manter uma fertilização bastante equilibrada à base de azoto (N) e potássio (K). Do ponto de vista dos tratamentos preventivos/curativos, é possível recorrer a fitossanitários à base de azoxistrobina.

 

rizoctonia relvado

Rizoctonia

 

Rizoctonia

Exibe manchas arredondadas de relva seca entre a 3 a 5 cm a mais de 1 m de diâmetro com o centro verde. Surgem manchas de cor amarelo-palha sobre as folhas com o contorno castanho-escuro a preto.

Trata-se de uma doença típica de primavera, verão e outono, com maior expressão em condições de humidade elevada e temperaturas noturnas que rondem os 20 oC.

Devem-se evitar as regas noturnas, pois promovem a humidade nas folhas durante a noite. Simultaneamente, é importante manter níveis adequados de nutrientes no solo, preferencialmente fertilizantes ternários com rácios 3:1:2. Os tratamentos são possíveis através de fitossanitários à base de azoxistrobina e de difenoconazol + fludioxonil.

 

helmintosporiose relvado

Helmintosporiose

 

Helmintosporioses

Na primavera, a doença exterioriza-se em manchas foliares, de cor castanha a castanho-avermelhada que podem ocupar toda a largura da folha. As plantas atacadas morrem em menos de um mês. No verão, com o aumento da temperatura e com o tempo mais seco, a relva que não morreu começa a recuperar. Contudo com a humidade do outono, a doença reinstala-se e prossegue os seus ataques.

A doença é assim favorecida pelo excesso de humidade sobretudo nas condições frescas de primavera e outono.

Os ataques são mais severos quando a relva se encontra sob stresse. Assim, é importante evitar os tratamentos herbicidas seletivos para controlo de folha larga (especialmente na primavera e outono). Devem-se moderar as fertilizações azotadas, recorrer a quantidades generosas de potássio e garantir a presença de fósforo. Os tratamentos são possíveis através de fitossanitários à base de azoxistrobina.

 

antracnose relvado

Antracnose

 

Antracnose

As folhas das plantas apresentam no seu conjunto, durante o verão, manchas irregulares de tonalidades amarelo-bronzeado que podem variam de alguns centímetros a mais de 1 m. Estas manchas ao longo das folhas encontram-se fortemente pontuadas por esporos negros.

Na primavera e outono, as folhas adquirem um aspeto alaranjado a bronzeado, sem esporos visíveis. Ocorrem ataques radiculares, apresentando manchas negras e podem mesmo apodrecer totalmente. A relva morre em manchas indefinidas.

Trata-se de uma doença característica de primavera, verão e outono. Aplicações controladas de nitrato de potássio ajudam a controlar e evitam o desenvolvimento dos ataques ao nível das folhas. Também a aplicação de sulfato de amónio é muito eficaz na redução dos ataques radiculares. Do ponto de vista dos tratamentos preventivos/curativos, é possível recorrer a fitossanitários à base de azoxistrobina de difenoconazol + fludioxonil, e de tebuconazol.

 

Antistresse

Durante o verão e no início do outono, os relvados, bem como outras plantas, estão sujeitos aos diversos ataques, abióticos na primeira situação, derivados da elevada temperatura e reduzida humidade, e, no segundo caso, no outono, em resultado da conjugação da temperatura e da humidade que se manifesta, poderão ocorrer ataques de agentes bióticos, nomeadamente fungos. Ambas as situações potenciam situações de stresse às plantas.

Trata-se geralmente de soluções altamente concentradas, à base de fósforo e de potássio, promotoras das defesas naturais das plantas e promotoras da produção de fitoalexinas, potenciando a resistência das plantas perante ataques de fungos, bactérias e outros agentes abióticos.

O fósforo, sob a forma do ião fosfito, apresenta características profiláticas perante vários fungos oomicetas, fortalece o caule e o sistema radicular contra ataques de alguns fungos e outras doenças, prevenindo ainda o seu apodrecimento em situações de elevada humidade.

O potássio interfere na regulação hídrica da planta e na síntese de proteínas, sendo responsável pela produção de hidratos de carbono tais como o amido e a celulose. Atua como ativador nos processos de respiração celular, regula o transporte dos produtos resultantes da fotossíntese através do floema e a sua distribuição aos diversos órgãos das plantas. À semelhança do fosfito, aumenta a resistência à seca e às geadas, aumenta a resistência mecânica dos caules e potencia o sistema radicular.

 

Veja o vídeo:

Problemas dos relvados: Enciclopédia de Jardinagem #20

 

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