Entrevistas

No jardim com… Vera Nobre da Costa

Vera Nobre da Costa

 

Foi presidente de duas empresas multinacionais americanas na área publicidade e é pós-graduada em Jardins e Paisagem. É também colaboradora da Jardins desde o 1.º número, dedica-se ao estudo dos jardins e da arte e cultura japonesas, destinando os seus tempos livres a viajar, à leitura, à arte e ao cinema.

 

Onde se situa o seu jardim e que área tem?

No Estoril. 5000 m2.

O que faz no seu jardim, tem ajudas?

Tenho de ter ajuda porque o jardim é muito grande e com áreas de cuidados distintos: canteiros, relvados, um pomar, uma estufa, um pequeno bosque. Tenho dois jardineiros duas manhãs por semana.

Quantas horas por semana/dia dedica à jardinagem?

Depende. No inverno, faço menos, mas umas três ou quatro horas por semana.

Quais as ferramentas de jardinagem que usa no seu dia a dia?

Uma tesoura de poda (tenho várias segundo as necessidades), ancinho, vassoura. Levo também sempre o meu iPhone para fotografar o que acho interessante.

 

Vera Nobre da Costa

A tirar ervas do canteiro de Pelargonium com os cães a atrapalhar

 

Quais os jardins em Portugal e no mundo que prefere?

No mundo, os de Quioto, no Japão. Em Portugal, o meu.

Recomenda algum livro sobre jardins? E que revistas ou jornais lê sobre o tema?

Livros, tenho umas dezenas por temas (orquídeas, sebes, bambus, etc.), sendo que o mais consultado há anos é o incrível Royal Horticultural Society A-Z Enciclopedia of Garden Plants.

Além disso, tenho já uma respeitável biblioteca sobre jardins de todo o mundo, em particular sobre jardins japoneses. Também tenho muitos livros sobre o tema dos jardins e da paisagem e o papel que desempenham na nossa vida. Os meus autores preferidos são o John Dixon Hunt, o Marc P. Keane, Roy Strong, Marc Treib, os dois Jellicoe, Simon Schama, etc. Não me ponham a falar disto, que não me calo. Revistas leio a Garden, da RHS, e a Jardins, claro.

Que sites visita sobre o tema?

Específicos sobre determinada planta ou os sites sobre jardins que visito ou quero visitar.

Qual o último objeto relacionado com jardinagem que comprou? E que ofereceu?

Um presente do meu marido: um cinto com bolsas onde se guarda tudo, até lixo.

 

Vera Nobre da Costa

No Goyen Imperial Park, em Quioto a podar um Pinus thunbergi ou pinheiro-japonês, sob a vigilância do mestre jardineiro

 

O que aconselha aos jardineiros amadores? Fez algum curso? Onde?

Comecei em 2001 a fazer cursos do Jardim Botânico da Ajuda organizados pela Eng.ª Henriqueta Carvalho. Fiz alguns 20 ao longo de três ou quatro anos. Depois entrei no sério e fiz um seminário de um mês sobre jardins japoneses na Universidade de Quioto, no Japão. Em 2011-2013 fiz uma pós-graduação em Jardins e Paisagem na FCSH da Universidade Nova de Lisboa e, mais recentemente, durante a pandemia, fiz uma pós-graduação no SOAS University of London, durante quatro meses, com aulas diárias online sobre Arte da Coreia e Japão. O estudo da História, Cultura e Arte dos vários países é indispensável para perceber os jardins, que são sempre um espelho das três vertentes.

Qual a planta e flor que prefere?

Os meus amores oscilam. Começaram nas orquídeas (Phalaenopsis, Cymbidium, Paphiopedilum, Cattleya) e agora os ciclâmenes no inverno, os amarílis na primavera, e as hidrângeas no verão. A minha última paixão é uma bananeira que trouxe da Madeira com 20 cm de altura há um ano e meio e agora está com 2,50 m de altura.

Qual o horto onde compra as suas plantas e porquê?

No Horto do Campo Grande situado na antiga Quinta da Eira, perto de Sintra. É perto de minha casa, tratam-me muito bem e tem plantas de ótima qualidade. Às vezes também vou à Viplant, em Oeiras, e ao Jardim Primavera, em São Pedro de Sintra.

 

Vera Nobre da Costa

As botas japonesas para jardinar, cómodas e com uma excelente aderência

 

Que móveis de jardim tem e quais considera indispensáveis? Trata-os regularmente? Como?

Temos uma fonte no fundo do jardim com uma mesa para oito pessoas e um banco com costas e várias cadeiras. Tudo em teca, que unto com óleo próprio no fim do inverno. Há também “camas” para leitura ou dormidelas na piscina, também em teca.

Qual foi o momento ou acontecimento que a fez interessar-se por jardins?

A mudança de casa, no ano 2000, de Lisboa para o Estoril e o abandono da minha carreira na publicidade, em 2005. Passei a ter tempo.

Há quanto tempo pratica regularmente a atividade de jardinagem?

Há 22 anos.

Tem roupa específica para jardinar? 

Claro. Calças de caqui ou ganga, T-shirts no verão, sweatshirts e um casaco curto impermeável que comprei há 20 anos na Escócia, e sempre botas Hunter de borracha até aos joelhos, ou botas curtas japonesas, especiais para jardinar com o dedo grande do pé separado em que as meias têm que ser as “tabi”. Fico inapresentável, mas cómoda. E sempre um chapéu de palha.

 

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