Ornamentais

Questões mais frequentes sobre Paphiopedilum

São conhecidas pelo nome comum de sapatinho, mas o seu cultivo continua a suscitar dúvidas.

Aqui deixo o meu comentário às questões mais comuns sobre estas orquídeas do género Paphiopedilum.

Paphiopedilum e orquídeas-sapatinho são a mesma coisa?

Sim, o género Paphiopedilum é conhecido pelo nome comum de sapatinho, mas existem outros géneros conhecidos também assim. São ao todo cinco os géneros que fazem parte da subfamília Cypripedioideae, os então chamados sapatinhos. Os dois géneros menos comuns, Selenipedium (originários da América Central e do Sul) e Mexipedium (encontrado na zona de Oaxaca, no México), são muito raros no cultivo e no comércio. Os Cypripedium, originários da América do Norte, Ásia, uma só espécie na Europa e encontrados na Argélia em 2019, são cultivados ainda com pouca expressão no nosso País devido à dificuldade com as temperaturas altas do verão. São plantas de zonas mais frias, com um rizoma curto e robusto com um ciclo anual. Depois, temos os Phragmipedium, originários da América do Sul, dos quais temos já muitas espécies em coleções particulares, especialmente os de cor rosa e vermelho (por exemplo o enorme Phragmipedium kovachii e o Phragmipedium bessae e híbridos). Finalmente, temos então os Paphiopedilum, sem dúvida os mais conhecidos e originários da Ásia, com cerca de 90 espécies documentadas. Todos estes – os cinco géneros – são sapatinhos pois todos têm a forma característica do labelo, lembrando a biqueira de um sapato.

E os sapatinhos-de-madeira?

Não existem orquídeas-sapatinho originárias da ilha da Madeira. As plantas que se encontram facilmente a crescer em todos os jardins madeirenses são espécies ornamentais introduzidas no cultivo que se adaptaram muito bem ao clima tropical da ilha, semelhante ao que encontram nos locais de origem, as florestas tropicais asiáticas. A espécie mais cultivada e muito vista em jardins públicos e decorações de Natal, e que ganhou o nome-comum de Sapatinho-da-madeira é o Paphiopedilum insigne, uma espécie originária do Sudeste Asiático de cor castanho- esverdeada com a sépala dorsal cheia de pintas castanhas em fundo branco.

A planta dos Paphiopedilum é diferente das outras orquídeas?

É uma planta facilmente identificável e diferente das outras orquídeas mais comuns. Não tem pseudobolbos, pode ser essa a diferença que salta mais à vista, é constituída por folhas longas que se dispõem em leque. Essas folhas são grossas, cerosas, de cor verde, brilhantes ou com matizes que lembram mosaicos. Outra diferença nota-se nas raízes, que, em muitas orquídeas, são de cor clara, cobertas de velame e que, nos Paphiopedilum, são castanhas e peludas com cerca de meio centímetro de espessura.

Onde crescem os Paphiopedilum?

São orquídeas terrestres, crescendo no solo das florestas em locais mais sombrios ou de luz filtrada pelas copas de árvores. No entanto, há espécies que podem também crescer nos troncos das árvores (epífitas) ou nas fissuras de formações rochosas (litófitas). Os substratos são porosos e fornecem uma boa drenagem às raízes, mas retém alguma humidade. No cultivo usamos uma mistura de casca de pinheiro fina, fibra de coco e algum musgo. Estas plantas são cultivadas normalmente em pequenos vasos de plástico ou barro.

Posso cultivar os meus Paphiopedilum na rua?

Depende do local onde mora. No Algarve, sim, definitivamente muitos podem estar todo o ano na rua. No resto de País, pode ser arriscado, especialmente se for em zonas de muito frio, geadas ou mesmo neve. Nesse caso, é melhor recolhê-los no inverno para o interior ou um local abrigado. Nos períodos mais frios, suspende-se a rega para evitar que as plantas gelem e apodreçam. Entre os 14 e os 28 graus são temperaturas consideradas seguras para a maioria das variedades. No entanto, como em todas as orquídeas, convém saber que espécie estamos a cultivar porque há espécies que gostam de temperaturas mais elevadas o ano todo e esses devem ser cultivados no interior ou em estufa aquecida.

Os sapatinhos são plantas carnívoras?

Não. Apesar da forma estranha do labelo, que pode assemelhar-se às armadilhas das plantas carnívoras de nome Nepenthes, não existem orquídeas carnívoras. No entanto, essa forma do labelo tem um propósito: apanhar os insetos para os obrigar a subir junto aos pequenos sacos de pólen – a polinias – que se colam nos insetos e que, com alguma sorte, irão polinizar outras flores onde vão voltar a cair. Então, a forma de “copo” ou “biqueira de sapato” serve como estratégia de polinização involuntária para os insetos que, atraídos pelo perfume, cores ou outros “engodos” caem acidentalmente no labelo da flor e acabam por se tornar polinizadores dessas orquídeas.

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