A compostagem é uma forma simples e eficaz de se reduzir em grande escala o desperdício. Reutilizando o “lixo verde”, podemos produzir um fertilizante natural de qualidade superior para todas as plantas.
Contribuir para a sustentabilidade da atividade humana começa por reduzir o desperdício. A nossa sociedade tem seguido um modelo de uso descartável em que muitos dos bens produzidos têm vida curta e apenas uma utilização. E isso inclui os alimentos. A sociedade moderna, muito urbanizada, envia demasiadas toneladas de resíduos orgânicos para aterros sanitários. Se pensarmos no espaço e logística necessários para transportar e depositar estes resíduos, percebemos como esta não é uma solução sustentável. Estes resíduos orgânicos não devem terminar em aterros quando podem ter muito valor como fertilizante.
Reciclagem natural
Em meios rurais, os restos da preparação de alimentos são tradicionalmente utilizados para alimentação animal ou para produzir composto incorporado em hortas e jardins. Desta forma fecha-se o ciclo de nutrientes e recicla-se a matéria orgânica. Nas cidades, o mesmo pode ser aplicado por quem tiver um jardim ou até mesmo uma varanda onde possa aplicar o composto que produzir.
A importância das minhocas na compostagem
A Natureza não desperdiça nada e, se existe um recurso, alguém o aproveita. Como tal, existem muitas espécies de animais adaptadas a consumir matéria orgânica em decomposição; um dos mais conhecidos dos jardineiros é a minhoca.
As minhocas são fundamentais para a biodiversidade e produtividade dos solos. Os túneis que constroem permitem que o ar chegue até às camadas mais profundas do solo. Isto garante a existência de oxigénio para fungos, bactérias e outros organismos decompositores. As minhocas alimentam-se de matéria orgânica em decomposição e de microrganismos do solo. Os seus excrementos, muito valiosos em nutrientes para as plantas, são também chamados húmus de minhoca.
Minhoca-vermelha-da-califórnia
Existem diversas espécies de minhocas com diferentes preferências alimentares. Algumas alimentam-se na manta morta, de folhas em decomposição, outras preferem meios mais ricos, como excrementos de animais ou pilhas de composto.
A minhoca mais aconselhável para a vermicompostagem é a espécie Eisenia foetida, vulgarmente conhecida por minhoca-vermelha-da-califórnia. Esta espécie produz populações grandes rapidamente e consome muita matéria orgânica (chega a consumir duas vezes o seu peso por dia). Isto significa que produz húmus mais rapidamente que outras espécies. Existem diversos produtores de minhocas para venda e, nas lojas de pesca, é frequentemente possível encontrar estas minhocas à venda.
O que é a vermicompostagem
Não é mais do que a compostagem feita por minhocas. A vermicompostagem tende a ser mais rápida do que a compostagem “tradicional”, mas as minhocas não conseguem decompor materiais mais lenhosos. Este tipo de compostagem pode ser feito de forma mais descontrolada, em que simplesmente se adicionam minhocas à pilha de composto, ou num vermicompostor, em que a população de minhocas está mais confinada num recipiente.
Como construir um vermicompostor em casa
Para construir um vermicompostor simples em casa são necessários dois baldes com pelo menos 20 litros de capacidade.
O primeiro passo é fazer furos no fundo de um dos baldes (balde 1). Estes furos irão permitir drenar os fluidos resultantes da atividade das minhocas. No outro balde, deverá ser feito um orifício laterale em baixo, de forma a montar uma pequena torneira. O que se pretende é que o primeiro balde seja o verdadeiro compostor e o segundo atue como um reservatório para recolher os líquidos que escorrerem da compostagem.
Após introduzir o balde 1 no balde 2, poderá começar a encher o compostor por camadas. Em primeiro lugar, para tapar os furos de drenagem, deverá colocar uma esponja ou um pano velho que impeça as minhocas de descer para o balde 2 pelos furos. Após esta barreira, deverá colocar alguma terra (cerca de 10 a 15 cm de altura) para que as minhocas tenham algum habitat inicial. Após a terra, pode colocar-se uma camada fina de desperdícios de papel ou cartão. Por cima desta camada irão sendo adicionados os desperdícios de cozinha.
O que pode adicionar para compostar
Tal como na compostagem, não se devem adicionar produtos de origem animal, uma vez que podem atrair moscas e originar maus cheiros.
Os restos vegetais podem ser adicionados regularmente ao compostor juntamente com algum resíduo seco, podendo-se aproveitar para reutilizar resíduos de papel ou cartão desta forma.
Deverá ainda ter um tecido velho ou um pedaço de serapilheira que deverá ser colocado por cima do material adicionado. Esta cobertura irá proteger o compostor de perder humidade. A tampa do compostor deverá também ter alguns furos para permitir o arejamento.
Chá de minhoca
O líquido resultante da decomposição, por vezes chamado “chá de minhoca”, pode ser recolhido através da torneira e utilizado para regar plantas. Para tal deve ser diluído dado que é muito concentrado em nutrientes.
Existem várias formas de saber quando o composto está pronto a ser recolhido. Em primeiro lugar, pode observar a redução de altura do material dentro do balde. Quando se adiciona material novo, é normal que este baixe em altura. Quando esta redução deixa de ser evidente, é necessário inspecionar com mais cuidado o balde. Outro sinal de que o composto está pronto a ser recolhido é quando este tem uma aparência homogénea e escura.
Ao recolher o composto, deve deixar-se algum no balde para que fiquem algumas minhocas e microrganismos que irão colonizar o novo material a compostar. O material recolhido terá muitas minhocas que podem também ser introduzidas no solo do jardim ou da horta. Desta forma será possível combinar o valor nutricional do húmus no composto com a atividade das próprias minhocas no solo.
Veja o vídeo: Como fazer compostagem
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