Ornamentais

A interação do clima e do solo com as plantas ornamentais

No seu desenvolvimento ,as plantas são afetadas por fatores de origem não viva que possuem a capacidade de afetar o seu vigor e a saúde. A estes fatores de declínio é atribuída a designação de fatores abióticos.

Os espaços verdes, nas suas diversas componentes, além dos agradáveis enquadramentos paisagísticos que proporcionam, desempenham ainda um relevante conjunto de funções de proteção e bem-estar no quotidiano humano. Sobre esta matéria é prova inequívoca da crescente consciencialização e consequente preocupação o aumento de espaços verdes que integram a estrutura verde urbana, quer de domínio público quer privado.

Contudo, qualquer uma das mais-valias atrás referidas será, mais cedo ou mais tarde, seriamente comprometida quando se tiver uma visão mais ampla e realista do ecossistema em causa (o espaço verde, o jardim, o canteiro ou mesmo a floreira), pois as plantas ornamentais não são os únicos seres vivos a fazer parte desta complexa comunidade biótica. Assim, na busca incessante pela dominância, desenvolvem-se intricadas relações bióticas entre as plantas e restantes espécies até que seja atingido um equilíbrio biológico, embora bastante delicado, pois na prática qualquer alteração, por mínima que seja, ditará o recomeço das interações

bióticas ao nível da comunidade. De facto, a ação conjunta das alterações climáticas, como o aquecimento global, que proporcionam elevadas taxas de crescimento das populações de insetos e da ocorrência de fenómenos climáticos extremos, como prolongados períodos de seca, quedas pluviométricas de grande intensidade, etc., que proporcionam uma grande disponibilidade de hospedeiros para os agentes de declínio, veio alterar, e continua a fazê-lo de forma notória, o equilíbrio natural dos ecossistemas, levando a importantes perdas de vigor e funcionalidades destes espaços.

No seu normal desenvolvimento, as plantas são afetadas por fatores de origem não viva, mas que possuem a capacidade de afetar o vigor e a saúde das plantas em que incidem. A estes fatores de declínio é atribuída a designação de fatores abióticos.

Fatores climáticos

Podem-se destacar enquanto fatores climáticos a seca, a geada, os ventos ciclónicos e os salinos, a neve, entre muitos outros.

A geada, por exemplo, pode originar quer ligeiros danos facilmente recuperáveis, quer danos mais importantes com reversibilidade improvável, causadores de situações de mortalidade através de queimadura e consequente inibição do funcionamento dos tecidos vegetais. Pode ainda levar ao aparecimento de fendas e de feridas na casca, expondo assim os tecidos internos aos agentes patogénicos.

A par da geada, os ventos salinos originam queimaduras significativas ao nível da folhagem, reduzindo consideravelmente a área fotossintética, afetando a vitalidade das plantas e facilitando desta forma a progressão de outros agentes que até então não tinham capacidade de ultrapassar as defesas das plantas.

Os ventos ciclónicos, relativamente às árvores, são muitas vezes causadores de anomalias no sistema radicular e nos tecidos vasculares do tronco e ramos, podendo muitas vezes resultar em fraturas internas ou mesmo em fendas expostas. Por sua vez, a seca prolongada provoca insuficiências a nível celular com consequente degradação interna de diversos tecidos vegetais e, por fim, também a abertura de fissuras na casca de árvores e arbustos, expondo os tecidos internos a ataques de outros agentes de declínio. A par da geada e com os ventos salinos também a seca afeta a área fotossintética, diminuindo a vitalidade das plantas, sendo as consequências de igual natureza.

O solo

Ao nível pedológico, isto é, do solo, merecem sobretudo destaque a toxicidade, a carência de nutrientes, o pH desajustado, a textura e a matéria orgânica.

A toxicidade dos solos pode ter diversas proveniências, sendo uma das quais de origem humana, através da poluição industrial nos aquíferos e nos solos, mas pode também ser devida a grandes quantidades de nutrientes presentes no solo. Estes elementos químicos estão na origem de variadas disfunções celulares nos diversos órgãos das plantas, interferindo negativamente não só do ponto de vista fisiológico, mas também aumentando a suscetibilidade das plantas a outros organismos. Como qualquer outro ser vivo, as plantas necessitam de quantidades corretas de cada nutriente e em particular de forma diferente ao longo do seu ciclo vegetativo. Nos casos em que estas premissas não estejam asseguradas e se registe deficiência de alguns nutrientes face às exigências das plantas, alguns processos fisiológicos não ocorrerão naturalmente.

A título de exemplo, as deficiências de azoto conduzirão a um amarelecimento da planta por inibição da produção de clorofila; as deficiências em fósforo têm implicações no desenvolvimento das raízes, assim como nas suas funções e também na fotossíntese, ao passo que insuficiências de potássio reduzirão a defesa dos tecidos vegetais a ataques de pragas e de doenças e limitam a floração. Note-se que a cada nutriente corresponderá uma ou várias anomalias fisiológicas na planta.

O pH

O pH do solo é da máxima relevância pois dele depende o comportamento dos nutrientes no solo, bem como a atividade de muitos microrganismos que intervêm em processos fundamentais. Note-se que dada a enorme diversidade de espécies vegetais, ornamentais ou não, que existem, será também de esperar que as preferências de pH não sejam iguais para todas, de facto algumas preferirão solos moderadamente ácidos e outras espécies vegetam melhor em solos ligeiramente alcalinos.

A textura do solo, que variará de grosseira a fina, é de elevada importância no que respeita à vegetabilidade das plantas no sentido que em grande parte dela depende a fertilidade do solo do ponto de vista físico-químico. A textura, a par com a estrutura, influencia na quantidade de ar do solo, na capacidade de retenção de água, tendo uma relação direta com a asfixia radicular, e na disponibilidade de nutrientes para a planta, bem como na variabilidade do pH.

A matéria orgânica é um parâmetro que confere aos solos características físico-químicas de inegável benefício. Assim, a matéria orgânica beneficia os solos, e como tal as condições de vegetabilidade das plantas, ao melhorar a estrutura dos solos facilitando movimentos de ar de água e mesmo das raízes, ao potenciar o aumento de temperatura dos solos facilitando a sua atividade biótica, ao fomentar a retenção de água e de nutrientes aplicados sob a forma de fertilizantes, ao aumentar o poder tampão face à variação do pH, entre outros aspetos.

À luz do exposto, é facilmente deduzível que vários destes fatores possam ocorrer em simultâneo, não sendo por vezes de fácil conclusão averiguar qual prepondera no declínio da planta e consequentem•ente no quadro sintomatológico registado.

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