Entrevistas

“Cidades Verdes: Florir Janelas, Casas e Ruas”: Eva Dream Florir Portugal

Este é o sonho que faz mover, há mais de dez anos, Tó Romano.

Tó Romano foi fundador e é diretor da Central Models, mas a par do mundo da moda tem outra grande paixão: as plantas, as flores e os jardins. Um dia gostaria de transformar Portugal no país mais florido do mundo; agora mais do que nunca esse propósito pode fazer sentido.

Há muitos anos que sonha e defende que Portugal deveria ser um país mais florido. Como nasceu esse seu sonho Eva Dream Florir Portugal?

Desafiado por um amigo a imaginar Portugal todo florido em 2009, dei largas à imaginação e visionei o País repleto de flores e de árvores floridas, flores em todas as aldeias, vilas e cidades, estradas e paisagens com muitos floridos.

Coloquei a pergunta do que aconteceria se Portugal tivesse a imagem do país mais florido do mundo?

As respostas encontradas sucediam-se numa espiral de benefícios quer para Portugal quer para todos os portugueses! Perante tal avalanche de transformações positivas, senti o sonho a tomar conta de mim, ao que se sucederam os mais belos sonhos.

Quais os benefícios que acha que Portugal e os portugueses poderiam ter se o nosso País fosse mais florido?

A principal característica de todos os portugueses é gostarmos de receber o mundo de braços abertos. As flores atraem o ser humano, a imagem do País Flor causaria a simpatia de todo o mundo e uma atração única; não necessitaríamos de lhe fazer publicidade para nos tornarmos o país que todo o mundo gostaria de visitar.

O turismo é a indústria que mais oportunidades de valor cria e faz distribuir por muitas pessoas nas mais diversas atividades.

Atrás das flores vêm as abelhas, que, por sua vez, produzem o mel. Que fácil seria promovermos o mel português e elevá-lo a produto ícone, valorizando-o como o melhor mel do mundo. O mesmo aconteceria a produtos de excelência que temos, como os vinhos, o azeite, os queijos, as frutas, etc.

Florindo Portugal, estaríamos a moldar a imagem do País com tudo o que habitualmente atribuímos às flores: a beleza, o bem-estar, a harmonia, a paz, a felicidade e o amor. Poderíamos formar a maior onda de criatividade e iniciativa alguma vez vista e transformar Portugal num país maravilhoso de ação e contemplação.

Ganharíamos a apetência e a predisposição coletiva para a consciência ambiental e adoção de comportamentos corretos para com a Natureza.

No contexto atual em que a pandemia de Covid-19 nos limitou a vida, prejudicou muito o País em termos económicos e sociais, pensa que as flores podem ter o seu lugar na vida e no coração dos portugueses?

As flores sempre estiveram no coração dos portugueses, tivemos uma rainha que fez um milagre com flores, associamos Fátima a rosas brancas, fizemos uma revolução com uma flor como símbolo, celebramos com flores muitas das nossas festas e tradições.

Falta colocarmos as flores na vida dos portugueses, e os tempos de Covid-19 são convidativos enquanto oportunidade para o alcançarmos. Senão vejamos:

· Face a todos os receios que acumulamos, impera a necessidade de criarmos um espaço para darmos coletivamente largas a todos os nossos desejos e sonhos bons.

· Receamos o futuro e ninguém sabe o que ele nos reserva. O único caminho a seguirmos dado como certo e com o qual praticamente todos estamos de acordo é no sentido de termos de respeitar e viver de mãos dadas com a Natureza.

· Após se debelar o problema da Covid-19, a retoma económica passa por reativarmos os pilares em que assenta a economia, sendo que o Turismo tem para nós um peso fundamental. Já imaginaram o que aconteceria se numa mesma primavera surgissem flores nas janelas de todos nós desde o Algarve até ao Minho?

Durante o confinamento, as pessoas, mostraram disponibilidade para tratarem de plantas e ganharam mais consciência ambiental. Para sensibilizar e mobilizar um país a dar as mãos à Natureza com início nas flores, eu diria ser necessário um milagre, julguei que esta primavera de 2020, pelo facto de Lisboa ser a Capital Verde Europeia, poderia ser a grande oportunidade para mobilizar o resto do País a mostrar que também queria ser participativo, convidando assim a população a pôr flores à janela.

Mas apareceu a Covid-19 e o confinamento obrigatório, que, infelizmente, nem proporcionaram visibilidade à Lisboa Green Capital 2020.

Viana do Castelo e Braga são ímpares o mesmo acontecendo em Castelo de Vide. Mafra surpreendeu pela organização, que envolveu mais de 70 empresas e instituições e todas as juntas de freguesias do concelho.

Peniche enterneceu por ter envolvido associações de terceira idade e idosos e Miranda do Douro foi alentadora por ter sido dirigida aos mais jovens. Proença-a-Nova, Penalva do Castelo, Albergaria-a-Velha, Batalha, Rio Maior, Idanha-a-Nova, Entroncamento, Cascais e Setúbal foram todas excelentes e exemplarmente organizadas pelos respetivos municípios, tornando-se bastante mais floridos.

Beja, apesar de ser uma cidade muito quente, transformou-se com vasos floridos, inclusive no Bairro da Esperança, um bairro pobre da cidade.

As melhores experiências aconteceram nas aldeias ou pequenas vilas onde a participação dos seus habitantes foi maciça: Aldeia dos Trinta, João Pires, Santa Margarida, Luz, Água Formosa, Alvados, Alcaria, Sobral de São Miguel, Alpalhão e em especial a Aldeia do Xisto de Figueira, que havia sido devastada por um incêndio e com a qual se organizou o Projeto Fénix, o Renascer das Cinzas pelas Flores, que envolveu os seus 23 habitantes, cuja média de idades era de 83 anos!

Tem tido o apoio de algumas instituições e/ou empresas para este seu projeto?

Todo este percurso foi feito de uma forma gratuita do Eva Dream para com os municípios. Cada município terá recorrido a apoios de formas diferentes em função da dimensão da iniciativa.

Destaco o apoio incondicional da Associação Portuguesa dos Produtores de Plantas e Flores, tivemos diversos produtores envolvidos com o fornecimento de vasos com flores para as respetivas iniciativas e festas.

Quais os projetos que tem planeados para realização nos próximos tempos?

O Florir Portugal não se pode efetuar por decreto político, apenas faz sentido se acontecer pela mão da sociedade civil. Acredito que tal possa acontecer através de uma propagação de emoções positivas através de uma onda de flores à janela, tal como fizemos com a bandeira nacional no EURO 2004. Poderá ser já para 2021, 22, 23? Assim, não tenho nada programado… apenas sei que um dia Portu- gal será todo florido!

Que mensagem e/ou desafio quer deixar aos leitores da revista Jardins, todos eles pessoas que gostam de plantas, flores e Natureza?

Individualmente, todos são importantes e podem contribuir para ela, principalmente as pessoas que já gostam de plantas, flores e Natureza. Comecem por florir as vossas janelas e falar de flores com os vossos vizinhos, familiares e amigos.

Desafie-os hoje a fazerem o mesmo, com o objetivo de verem amanhã os vossos prédios, as ruas, as cidades, o nosso País todo florido!

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