O quotidiano das populações contemporâneas, com especial ênfase para as populações urbanas, não se harmoniza com espaços ajardinados de grandes ou mesmo medianas dimensões.
Neste contexto, o aproveitamento de pequenos espaços exteriores, nomeadamente varandas e terraços, transformando-os em pequenos mas aprazíveis recantos ajardinados constituem uma oportunidade única de suprir a ausência de um jardim convencional e simultaneamente a possibilidade de dispor de um espaço de relaxamento extremamente personalizado.
Com efeito, as varandas e terraços são ecossistemas com caraterísticas bastante particulares. Estas muitas peculiaridades reportam-se a aspetos que variam desde a facilidade de influenciar a qualidade do solo dos vasos e floreiras, à capacidade de gerir as disponibilidades hídricas das plantas, à existência de elevada luminosidade e temperaturas, à existência das mais variadas condições de arejamento locais, até a facilidade de reajustar a posição das plantas em relação às suas congéneres ou ainda face às condições de luminosidade, por exemplo.
Em função da tipologia de espaço pretendido, a possibilidade de selecionar de entre um vasto leque de espécies ornamentais é grande. Na verdade é possível escolher desde herbáceas a arbóreas passando pelas arbustivas lenhosas ou semilenhosas. Existe uma disponibilidade apreciável de bibliografia da especialidade através da qual é possível planear um espaço ajardinado numa varanda ou num terraço. O encanto de espaços desta natureza, pode ser valorizado ou contrariamente, se os referidos recantos não forem alvo de um correto planeamento e gestão predispondo os elementos verdes a ataques de pragas e de doenças, converterem-se em espaços depreciados e até inconvenientes.
Conducente com a enorme diversidade de plantas ornamentais elegíveis para estes espaços é facilmente admissível que também os seres vivos (pragas e doenças) que vivem na sua dependência sejam em grande escala. Desta forma nos próximos parágrafos descrevem-se os principais grupos de pragas e doenças relativos a esta tipologia de espaços.
Pulgão ou piolho
São pequenos insetos com cerca de 1 a 2 mm e desprovidos de asas na sua maioria com formas e colorações bastante diversificadas (pretos, amarelos, castanhos, verdes, etc). Sugam a seiva nas zonas da planta mais viçosa, nomeadamente nos caules e folhas jovens (na pagina inferior principalmente), mas também nas flores. Deixam estes tecidos vegetais descolorados, deformados por enrolamento e na sua esmagadora maioria segregam meladas. Como forma de controlar estas pragas não se deve promover o uso de adubos ricos em azoto (N). Deve-se utilizar bio-inseticidas à base de chá de urtigas ou algum sabão azul ou detergente da loiça numa solução em água para ataques mais incipientes. Para ataques mais intensos poder-se-á ter de recorrer a inseticidas de síntese disponíveis no mercado.
Lagartas
São as formas juvenis dos insetos e apresentam dimensões, formas e colorações bastante diversificadas. Atacam na sua maioria as folhas e os caules mais tenros. Algumas podem danificar a raiz através da sua alimentação, tratando-se neste caso de larvas que o fazem à noite. Como forma de controlar estas pragas não se deve promover o uso de adubos ricos em azoto (N). Deve-se utilizar bio-inseticidas à base de Bacillus thuringiensis ou em alternativa inseticidas de síntese à venda no mercado da especialidade.
Cochonilhas
São insetos desprovidos de asas e que podem ou não ser imoveis. A sua coloração e dimensões são muito variadas podendo ir no caso das cochonilhas lapa desde carapaças brancas a negras passando pelo vermelho ou mesmo por um branco com bolinhas rosa. No caso da cochonilha algodão (forma móvel) a tonalidade preponderante é o branco e deixa secreções semelhantes a “algodão”. Ambas sugam a seiva na casca dos caules e nas folhas mais tentas deixando a planta descolorada e com as folhas deformadas podendo estas acabar por cair. No controlo destas pragas não é de valorizar o uso de adubos azotados (N). Deve-se utilizar inseticidas à base de sabão azul ou detergente da loiça numa solução em água para ataques mais incipientes. Para ataques mais agressivos poder-se-á ter de recorrer a inseticidas de síntese disponíveis no mercado.
Mosca branca
São pequenos insetos com cerca de 1 mm com asas e de tonalidade branca. Sugam a seiva nas zonas mais viçosas da planta, nomeadamente na página inferior das folhas jovens. Deixam estes tecidos vegetais enfraquecidos, descolorados e na sua maioria segregam meladas. Como forma de repelir esta praga poder-se-á inserir na floreira cravos túnicos ou outras plantas repelentes tais como menta. É ainda possível o controlo desta praga através do recurso a inseticidas à venda no mercado da especialidade.
Ferrugens
Representam um enorme grupo de fungos que se evidenciam por deixar as folhas com manchas e/ ou com excrescências e os caules com protuberâncias de diversas tonalidades (acastanhado, castanho avermelhado, laranja amarelado, alaranjado, amarelado, etc). Atacam as folhas e os caules sendo que do ataque resulta uma descoloração e deformação dos mesmos, podendo levar à queda das folhas e à sua depreciação global. No controlo destas doenças é comum recorrer à redução da humidade junto à planta, fazendo por exemplo podas de aclaramento ou distanciando mais as plantas entre si. Deve-se ainda considerar o uso de fungicidas adequados e disponíveis no mercado.
Oídio
Trata-se de um grupo considerável de fungo que no seu todo se expressa pela deposição de um pó de tonalidade entre o branco e o cinzento sobre as folhas, nos raminhos e nos gomos. O ataque destes fungos conduz à deformação e queda das folhas desvalorizando as plantas. Ataques mais intensos podem culminar na morte das plantas. Como forma de controlar estas doenças não se deve promover o uso de fertilizantes azotados (N). É benéfico também a diminuição da humidade do ar, fazendo podas de arejamento ou afastando as plantas entre si. Em casos mais graves é util o recurso a fungicidas homologados.
Leia também: Fungicidas orgânicos para as plantas
Manchas
Consistem num enorme grupo de fungos que se explanam por deixar nas folhas e nos caules manchas sem protuberâncias mas de diversos tons (acastanhado, castanho avermelhado, laranja, amarelado, esbranquiçado, etc). Atacam as folhas e os caules induzindo descoloração e deformação nestes órgãos das plantas, podendo conduzir à desfolha e à sua depreciação generalizada. No auxílio ao controlo destas doenças é sensato reduzir a humidade junto às plantas, fazendo por exemplo podas de aclaramento ou afastando as plantas entre si. Deve-se ainda considerar o uso de fungicidas homologados e disponíveis no mercado.
Note-se que as metodologias disponíveis para controlar os referidos agentes nocivos são diversificadas. Importa pois atuar de forma sustentada fazendo uso simultâneo muitas das vezes desta varias técnicas de controlo de pragas e de doenças. Merece ainda destaque referir que já existe atualmente produtos fitofarmacêuticos que simultaneamente tem ação inseticida e fungicida. Contudo, qualquer produto fitofarmacêutico de síntese está condicionado ao público em geral desde maio de 2009 através da regulamentação imposta pelo DL 101 de 11 de maio de 2011 que regula o seu uso doméstico, estabelecendo as condições para a sua venda e aplicação.
, Bruno Tujeira
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