As ervas aromáticas não são novidade nas nossas vidas, sobretudo se crescemos em Portugal, onde qualquer prato, do mais sofisticado ao mais simples, tem sempre um toque de salsa, coentros ou orégãos.
Embora sejam utilizadas pelo Homem há séculos, com o desenvolvimento da ciência e com a democratização do acesso à informação, as pessoas passaram a interessar-se pelos diferentes usos e benefícios de folhas, raízes, sementes, caules e flores de diversas plantas, seja para comida, medicamentos, fragrâncias ou mesmo corantes. Mas o que se entende por ervas aromáticas?
O termo é muito lato e, se considerássemos apenas a palavra “ervas”, provavelmente iriamos associar exclusivamente a herbáceas com propriedades aromáticas, contudo genericamente não é bem assim e, normalmente, são consideradas ervas aromáticas todas aquelas que podem ser utilizadas para culinária, fins medicinais ou terapêuticos, infusões ou fragrâncias, etc.
Independentemente de serem árvores, arbustos ou herbáceas, os cozinheiros adoram os sabores atribuídos à comida e bebida. A medicina e nutrição valorizam as propriedades de certas flores, folhas e raízes, e os amantes da Natureza valorizam a influência destas plantas no jardim e a sua polivalência: funcionalidade, baixa manutenção e, claro, a estética.
Porquê tão polivalentes?
Podemos planear um jardim e garantir que temos aromáticas e condimentares todo o ano, afastar insetos e animais indesejáveis, criar sebes cheirosas e canteiros onde circular se torna uma experiência dos sentidos. Mas como? É simples e está ao alcance de todos – O loureiro (Laurus nobilis) faz sebes bonitas e densas, podendo sempre ser articulado com outras espécies.
As lavandas/alfazema ou as salvas (Lavandula sp. e Salvia sp.) são ótimas para bordaduras, porque, para além de colorirem o espaço e aromatizarem o ar, contribuem para afastar os coelhos da horta e do jardim. Os tomilhos são ótimas plantas para cobertura de solo e não precisam de muita manutenção, assim como as calêndulas, que na primavera nos brindam com o seu amarelo brilhante.
Ter aromáticas frescas em casa todo o ano não requer, obrigatoriamente, um jardim. Para recorrer à frescura de ervas acabadas de colher, pode sempre optar por floreiras no parapeito da janela, vasos na varanda ou mesmo jardins verticais no alpendre. Quando em vaso, existem alguns cuidados a ter nomeadamente garantir que os vasos têm uma dimensão considerável e são furados de forma a garantir uma boa drenagem. Sempre que adquirir uma planta aromática para transplantar, recorde-se que os vasos em que se encontram são de transição e, para que a planta seja capaz de desenvolver o seu sistema radicular, será necessário mais espaço.
Algumas das plantas mais fáceis de cultivar em vaso ou floreira são o cebolinho, a salsa, o manjericão e a hortelã, mas pode sempre experimentar ter outras espécies desde que considere as suas particularidades e a forma como interagem entre si.
5 dicas para plantas aromáticas em solo ou em vaso
1. A generalidade das ervas aromáticas aprecia solos leves, de textura fina e acidez neutra. Os substratos para aromáticas são uma boa ajuda: como não necessitará de se preocupar de imediato com a fertilização, não cairá na tendência de sobrefertilizar, o que normalmente conduz à de ‘desintensificação’ do aroma e fragância;
2. A maior parte das ervas aromáticas que utilizamos na nossa culinária aprecia locais abrigados e soalheiros; a generalidade beneficiará com pelo menos 6 horas diárias de luz solar. Se vive junto à costa e consegue garantir luz solar direta, não se esqueça das espécies mediterrânicas: a alfazema, a sálvia ou os tomilhos.
3. Uma das vantagens de ter ervas aromáticas em proximidade, seja na horta ou na varanda, é que as herbáceas se mantêm saudáveis com podas/cortes pois vão gerando rebentos novos. Por exemplo os coentros: se utilizar uma tesoura para cortar alguns pés e deixar cerca de dois dedos de altura, verá que surgirão novos rebentos. Mas não se esqueça, os coentros têm ciclo de vida anual pelo que não estranhe se a sua planta começar a definhar quando chegar o frio.
4. A rega regular é um dos aspetos cruciais para que as suas aromáticas garantam o viço e as suas propriedades. A generalidade das aromáticas não aprecia solo encharcado, mas húmido − o manjericão, a hortelã, a salsa, o cebolinho e o cerefólio são as plantas que mais beneficiam com a humidade regular.
5. Não é preciso ter “mão verde” para ter plantas aromáticas e condimentares todo o ano em casa, basta ter em consideração os cuidados individuais de cada espécie, mas também o seu ciclo! O louro, os orégãos, o cebolinho, o funcho, o alecrim, as salvas e as hortelãs são exemplos de plantas perenes que consegue ter todo o ano, mas existem espécies que exigem rotatividade de cultivo ou sementeira, nomeadamente a salsa, os coentros, o aneto, o manjericão, a calêndula ou a camomila, entre outros.
Ao visitar um centro de jardinagem perceberá que existem muitas opções de aromáticas além da tradicional salsa, dos coentros ou das hortelãs. Perca-se nestes espaços e deixe-se invadir pela profusão de cheiros dos cominhos, dos poejos, das cidreiras, da lúcia-lima ou da erva-doce, mas também nas novas variações que vão surgindo por cruzamentos entre plantas: a hortelã-c•hocolate, a hortelã-maçã, etc.
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