Ornamentais

Cypripedium no jardim

Cypripedium Henric

Cypripedium Henric

 

Chamam-lhes os sapatinhos-de-jardim, e a flor tem a forma do típico sapato onde um gnomo de jardim poderia enfiar o pé. Mas as semelhanças com os sapatinhos mais comuns ficam por aí.

 

A grande família das Orchidaceae divide-se em cinco subfamílias e uma delas, a subfamília Cypripedioideae, é a subfamília das orquídeas denominadas sapatinhos-de-vénus, ou simplesmente sapatinhos. Essa subfamília é composta por cinco géneros, dois mais raros e praticamente desconhecidos no cultivo como hobby, o género Selenipedium e o género Mexipedium, os nossos conhecidos Paphiopedilum, os sapatinhos asiáticos, já aqui falados diversas vezes, os Phragmipedium, os sapatinhos da América do Sul, sobre os quais também já escrevi nesta revista, e os Cypripedium, que já referi algumas vezes, mas nunca escrevi verdadeiramente sobre eles e o seu cultivo.

No início das classificações botânicas, todas as orquídeas que tinham o labelo com a forma característica de “sapato” eram colocadas no género Cypripedium, criado por Carl Linnaeus em 1753 – o nome tem origem no grego Kypris, deusa Vénus, e pedilum, sapatinho – só mais de um século depois, foram criados os restantes quatro géneros e as espécies foram reagrupadas conforme as suas características. Atualmente o género Cypripedium tem 57 espécies de orquídeas terrestres, originárias de habitats frios e húmidos do hemisfério norte, do norte da América, norte da Europa e Ásia.

 

Veja o vídeo:

Cymbidium de flor gigante

 

Cypripedium Queen of the Mist

Cypripedium Queen of the Mist

 

As plantas

Ao contrário dos seus familiares mais tropicais, estes sapatinhos são bastante resistentes ao frio, mesmo a temperaturas negativas, e assim é natural que a morfologia das plantas seja diferente dos outros sapatinhos de ambientes mais tropicais. Em vez de raízes grossas que aderem às árvores e às rochas, têm sistemas radiculares mais finos e subterrâneos. Em vez de folhas carnudas e sempre verdes, os Cypripedium têm folhas verde-claras pouco espessas e arredondadas, cheias de nervuras longitudinais.

Os Cypripedium são orquídeas de ciclo anual, rebentam e florescem na primavera, ao longo do verão as suas folhas vão amarelecendo e secam, entrando num período de dormência, deixando de estar visíveis durante os meses mais frios do outono e inverno. Assim sobrevivem nos habitats frios do Alasca e da Sibéria e em bosques que ficam durante semanas tapados de neve.

 

Cypripedium reginae

Cypripedium reginae

 

O cultivo

A maior dificuldade para que desejar cultivar Cypripedium em Portugal é protegê-los das altas temperaturas do verão. Seja em vaso, floreira ou em canteiro de jardim, temos de os colocar no local mais fresco e húmido que tivermos. Um local onde se deem bem fetos e Hostas e outras plantas de locais sombrios e húmidos. Os Cypripedium crescem nos bosques, protegidos do sol extremo pelas copas das árvores e junto a cursos de água onde o solo não perde a humidade nas épocas mais quentes.

Gostam de solos ácidos e com muita matéria orgânica (húmus, cascas e folhas em decomposição). Nas nossas casas podemos utilizar substrato de plantas acidófilas ou substrato para orquídeas terrestres.

Estas orquídeas raramente se compram com flor, devem ser compradas em vaso, com a planta pequena, por vezes só a pontinha dos novos rebentos à vista, ou mesmo em raiz nua. O meu conselho é que comecem com os híbridos que são mais fáceis de encontrar, são mais resistentes e também mais baratos.

Depois de escolher o local adequado para cultivar os seus Cypripedium, plante-os à superfície, não mais de 8-10 cm de profundidade. Espalhe as raízes na horizontal com os novos rebentos a apontar para cima e cubra levemente com substrato. Não aperte a terra, cubra com casca de pinheiro ou folhas secas e regue. Assim que desenvolvem as primeiras folhas, têm de ser protegidos de geadas ou neves tardias. No final de março ou abril, vão começar a desenvolver-se as plantas que logo mostram os novos botões e, em maio, deveremos ter as nossas plantas floridas. São flores grandes e coloridas. As cores podem ir do branco, amarelos e rosa até aos púrpuras e castanhos; por vezes o labelo, quase um balão, tem uma cor diferente das sépalas e pétalas, outros têm as sépalas dorsais encaracoladas. São muito bonitos e fazem um bonito efeito em vaso ou no jardim.

Não deixem de experimentar.

 

Leia também:

Alguns aspetos de botânica nas orquídeas I

 

Gostou deste artigo? Siga-nos na nossa Revista, no canal da Jardins no Youtube, e nas redes sociais FacebookInstagram e Pinterest.

Poderá Também Gostar