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Edição Especial “Flower Power”: Tiago Catarino

Tiago Catarino, técnico da Florisul, conta-nos a história desta empresa familiar com mais de 50 anos de existência e que é uma referência na produção de flores na zona do Montijo e em Portugal.

Como e quando nasceu a empresa?

A Florisul é uma empresa familiar que apostou na floricultura e que a ela se dedica há 50 anos. Foi fundada, em 1969, por António Augusto Nascimento Gonçalves e a sua mulher. Naturais da Guarda, vieram para Sintra e foi lá que começaram a trabalhar na floricultura, primeiro, por conta de outrem e, depois, aos 28 anos, lançaram-se nesta atividade por conta própria, iniciando uma produção de um hectare de estufas onde produziram 120.000 pés de cravo.

O Montijo foi a terra escolhida e onde ainda hoje a empresa se mantém; é a prova de que não poderiam ter escolhido melhor lema: “confiança no futuro e vontade de trabalhar”. António Gonçalves foi um homem de grande visão e empreendedorismo, que trouxe para a floricultura amigos e familiares, que ajudou e lançou na mesma atividade. Contribuiu muito para o desenvolvimento da floricultura em Portugal, principalmente na zona do Montijo. Após a sua partida, são os seus três filhos que gerem a empresa de sucesso.

Em 2016, já com a terceira geração a trabalhar na empresa, a Florisul expandiu-se com a abertura de um segundo ponto de venda a norte do País, na Maia. Contando atualmente com quatro pontos de venda no total, armazéns no Montijo e na Maia, e dois espaços de venda, um no MARL e outro no Mercoflores.

Qual a localização geográfica e área de produção?

A empresa fica situada na margem Sul do Tejo, mais propriamente no Montijo, e conta com uma área de produção de mais de 40 hectares de área de estufas climatizadas e 15 hectares de plantação ao ar livre.

Quantas pessoas trabalham na empresa permanentemente e sazonalmente?

A Florisul conta com cerca de 120 colaboradores em permanência, contudo, sazonalmente, através de prestação de serviços de empresas próprias, podem chegar aos 150 colaboradores.

Esta é uma atividade sazonal ou conseguem ter produção ao longo de todo o ano?

A floricultura é uma atividade na qual se pode ter produção o ano inteiro desde que se tenham as condições indicadas, como estufas e climatização.

Na Florisul, temos produção de flores que é possível fazer o ano inteiro e outras do tipo sazonal, que têm épocas próprias para serem produzidas, pois o seu ciclo cultural necessita de determinadas condições meteorológicas, como o número de horas de luz e temperatura, entre outros.

Qual o tipo de flores que produzem?

Produzimos mais de 20 espécies de flores diferentes, entre rosas, gerberas, margaridas, coroas, vivás e verduras, entre outras. São apanhados por dia mais de 50 mil pés de flor, o que perfaz um total semanal de 250 mil pés de flor.

A produção de flores destina-se ao mercado nacional, para exportação ou ambos?

Neste momento, toda a nossa produção de flores é para nível nacional, continente e ilhas. Já exportámos para a Holanda e é uma porta que se encontra aberta, caso haja interesse.

Quem são os maiores compradores das vossas flores a nível nacional e internacional?

A nível nacional, os nossos maiores compradores de flores são desde revendedores, promotores de eventos, floristas, funerárias, entre outros.

Têm alguns pontos de venda direta ao público das vossas flores?

A Florisul apenas vende a profissionais do sector, pois seria injusto para os nossos clientes vendermos diretamente ao público, uma vez que o nosso nível competitivo seria desleal.

Qual o impacto económico e social que a pandemia de COVID-19 causou neste sector, uma vez que atingiu a época de maior produção e comercialização de plantas?

Com o surgimento da COVID-19, as empresas de flores e plantas, embora tendo um produto perecível, mas não de primeira necessidade, viram-se obrigadas a deitar fora quase toda a sua produção, pois as vendas tornaram-se nulas. Este foi um dos sectores mais atingidos pela pandemia, pois, mesmo não havendo vendas, as flores nas estufas necessitam de ser apanhadas para que as plantas continuem produtivas, de modo a que, quando a pandemia passar, tenhamos de novo matéria-prima para oferecer aos nossos clientes. Os custos produtivos não pararam, mantiveram-se os mesmos, neste momento estão a ser feitas plantações cujo destino ainda não sabemos ao certo qual será, é necessário continuar a comprar bolbos e estacas para as novas plantações.

As empresas deste sector não podem fechar portas para tentar minimizar custos, pois é necessário trabalhar todos os dias para cuidar das nossas plantas.

As quebras de faturação na empresa neste período de confinamento rondaram os 90 por cento. A nível da faturação anual, ainda não conseguimos prever os prejuízos causados, mas os mesmos serão avultados. O facto de quase todas as festas e eventos estarem a ser cancelados não melhora em nada o cenário.

Como é que vê o futuro deste sector tão importante para a sociedade portuguesa, quer em termos económicos, quer em termos sociais, pela criação de emprego e pela ocupação de solos de forma produtiva em zonas muitas vezes deprimidas economicamente?

Neste momento, o futuro é difícil de prever, pois até que a pandemia esteja resolvida e as coisas voltem ao normal, não se consegue dar uma previsão precisa do que vai acontecer, a não ser um monte de “se…”. Muitos sectores têm-se reinventado e este sector acaba por aos poucos fazer o mesmo, a venda online por parte dos nossos clientes tem sido uma forma de combater esta pandemia, mas, sendo um sector que depende de festas e eventos, entre outros, o futuro não se avizinha com facilidades.

As empresas fazem o possível para se manterem abertas, mas neste momento é um sector sem ajudas, teve direito ao regime de lay-off, mas mesmo assim existem muitas empresas em vias de fechar, o que colocará muita gente no desemprego. Nesta região do Montijo, é um dos sectores com mais empregabilidade e muitas famílias dependem dele na totalidade, uma vez que muitas vezes todo o agregado familiar trabalha na mesma empresa.

Quer deixar alguma mensagem ou apelo aos leitores da Jardins em relação a este sector, uma vez que são consumidores de plantas e flores?

A melhor mensagem que nestes dias posso deixar aos leitores e consumidores de flores e plantas é que comprem o que é nosso, comprem o que produzimos e que colocamos à vossa disposição com muito trabalho e dedicação para que possam cumprir da melhor maneira a sua função.

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