Ornamentais

Encante-se com as flores cor-de-rosa

JARDIM DE MUNSTEAD WOOD DE GERTRUDE JEKYLL

 

Quando a botânica se alia à arte.

 

Continuando o desafio de conciliar a botânica com a arte dos jardins, este mês dissertamos sobre a obra de Gertrude Jekyll (1843-1932) e destacamos plantas com flor cor-de-rosa. Gertrude Jekyll, de naturalidade inglesa, iniciou a sua obra na segunda metade do século XIX, atuou predominantemente em jardins privados e executou pormenorizada descrição dos seus projetos – os seus escritos e desenhos sobre a importância da cor nos jardins constituem um importante legado na história da arte dos jardins. Jekyll recebeu uma formação artística bastante completa como pintora, mas, devido à acentuação da sua miopia, dedicou-se muito à jardinagem aplicando a sua formação artística com a elaboração de harmoniosos e cuidados planos de plantação. Foi notável o desenvolvimento do seu trabalho com vista ao estudo e utilização das plantas que se revelaram suscetíveis de facultar combinações cromáticas, propícias à criação de verdadeiras obras de arte.

Nas suas viagens, Miss Jekyll registou as suas impressões de plantas, paisagens e costumes pintando a óleo e a aguarela. A colaboração de Gertrude Jekyll como arquiteto Edwin Lutyens (1869-1944) estabeleceu uma ponte entre jardins e arquitetura e criou precedentes para o desenho de jardins floridos.

 

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Construiu em Munstead Wood uma casa desenhada pelo arquiteto Edwin Lutyens em 1897. Esta sua amizade e parceria com o jovem arquiteto foi crucial para o sucesso da sua atividade de conceção de jardins. Os referidos jardins ainda hoje existem, designadamente no Reino Unido e nos Estados Unidos da América, transmitindo uma imagem onde sobressai uma harmonia e um bem-estar sem rigidez, conferidos pelo requinte das composições florísticas.

Munstead Wood é uma casa bonita, mas simples, do movimento inglês Arts& Crafts. Está escondida atrás dum longo muro de jardim, num canto tranquilo de Surrey, Inglaterra, e constitui uma referência internacional. Construí-la em conjunto foi relevante nas carreiras de Gertrude Jekyll e Edwin Lutyens.

Os seis hectares de jardim de Munstead Wood constituíram um laboratório vivo onde Miss Jekyll experimentou as suas associações de plantas e aplicou o seu talento na prática de pintura no jardim. As plantas utilizadas foram tratadas como os pigmentos que se aplicaram da tela para o jardim, procurando criar efeitos específicos de conjugação de cores que, em conjunto coma luz, tornavam o conjunto harmonioso, constituindo uma pintura. O jardim de Munstead Wood tornou-se amplamente conhecido como resultado das descrições e fotografias de Jekyll nos seus livros, entre os quais se contam Wood and Garden (1899), Home and Garden (1900) e Colour in the Flower Garden (1908), bem como nos seus muitos artigos. Mais próximo da casa, a mata passa gradualmente para relvado. Os jardins sazonais florescem sucessivamente ao longo do ano: o “jardim de primavera”, o “jardim escondido”, o “jardim de verão” e a bordadura herbácea principal, com cerca de 60 metros de comprimento, que floresce de julho a outubro. Cada jardim exibe tons de cor cuidadosamente organizados. Existe também uma área destinada a viveiro de plantas a partir da qual Jekyll propagava plantas, criava variedades melhoradas e fornecia plantas para os seus jardins. A obra e o método de trabalho concebidos por Gertrude Jekyll constituem um legado, ainda nos dias de hoje, enquanto referência para a elaboração de planos de plantação e na história da arte dos jardins.

 

CERCIS SILIQUASTRUM L.

OLAIA, ÁRVORE-DE-JUDAS

Árvore caducifólia com uma altura até 10 metros é originária da Europa Meridional e Ásia Ocidental da família Fabaceae. Caracteriza-se por apresentar flores de cor rosa antes de a folhagem nova rebentar e por ter época de floração com início em fevereiro. O fruto é uma vagem castanha que identifica esta árvore.

 

BAUHINIA VARIEGATA L.

PATA-DE-VACA

Árvore caducifólia que pertence à família Fabaceae e é muito florífera, originária da China e da Índia, e muito utilizada na arborização urbana no Brasil. Apresenta porte médio, 6-12 metros de altura. O tronco tem cerca de 30 a 40 centímetros de diâmetro, é tortuoso e ramifica com pouca altura ou mesmo desde à base. Forma uma copa cheia e ampla na primavera e verão, proporcionando uma boa sombra. No outono, perde gradualmente as folhas sem, no entanto, ficar totalmente despida. As folhas são redondas, coriáceas, com nervuras claras, bilobadas e, devido ao seu típico aspeto de pisada de casco bovino, são responsáveis pelo nome curioso desta árvore. As flores são grandes, com longos estames cor-de-rosa a lilás na espécie típica, com uma pétala superior modificada, que apresenta cerca de dois tons mais intensos de rosa, o que confere à flor semelhança com a flor de orquídea. Ocorre ainda uma variedade deflores brancas, denominada Bauhinia variegata ‘Candida’.

 

HYDRANGEA MACROPHYLLA (THUNB.) SER.

HORTÊNSIA

Arbusto caducifólio, pertence à família Hydrangeaceae, é originário do Extremo Oriente, muito cultivado da região dos Açores. Com uma altura até 3 m, caracteriza-se pelas suas folhas simples, de uma inserção oposta, forma oval e margens serradas. Tal como o seu epíteto macrophylla nos indica, as suas folhas são de grandes dimensões. As suas brácteas (folhas modificadas) reunidas em grandes corimbos, inicialmente de cor verde, dão lugar a cores exuberantes que podem variar entre o rosa, o roxo e o azul conforme o pH do solo.

 

ROSA SP. (E. A. WILLMOTT)

ROSA

A roseira é uma das plantas mais populares do mundo. Desde há mais de 2000 anos que é muito apreciada quer pela sua simbologia quer pela sua beleza que irradia nos jardins. E é por isso que tem sido um desafio para os botânicos, jardineiros e especialistas a criação de roseiras com novas cores, novas fragrâncias e de diferentes dimensões e portes. Pertence à família Rosaceae e ao género Rosa L. Esta planta ornamental tem origem na Ásia, entre o oeste da China e as zonas montanhosas dos Himalaias, estendendo-se pela Europa, América do Norte e África do Norte e, também pelo Alasca, Sibéria, Etiópia e México. O género Rosa tem cerca de 150espécies diferentes e milhares de variedades, híbridos e cultivares. São arbustos ou trepadeiras, providos de acúleos e com flores de uma beleza extrema com uma grande diversidade de portes, formas e flores com diferentes números de pétalas, cores e fragrâncias.

 

DAHLIA SP. CAV.

DÁLIA

A Dahlia é um género de herbácea perene, das raízes tuberosas, com porte médio, originária do México, pertencente à família Astereceae. Atualmente, temos 42 espécies de dália aceites e mais de 57.000 cultivares registadas, de acordo com a Royal Horticultural Society (RHS). A dália é uma planta ornamental, de fácil manutenção, que produz flores muito perfumadas. Dependendo da espécie e/ou variedade, assumem diferentes alturas, formas, cores e épocas de floração. A flor das dálias é, na verdade, um conjunto de pequenas flores dispostas sob uma superfície em forma de disco, ou seja, uma inflorescência designada botanicamente como capítulo. É de notar ainda que as estruturas de aspeto semelhante a pétalas, que revestem as inflorescências das dálias, e de outras espécies aparentadas são designadas lígulas.

 

COSMOS BIPINNATUS CAV.

COSMOS, COSMOS-DE-JARDIM, BEIJO-DE-MOÇA

O cosmos é uma planta herbácea, anual, pertence à família Asteraceae e é originária da América do Norte e México. Caracteriza-se pelas suas flores vistosas e é fácil de cultivar. Planta ereta, ramificada e com porte arbustivo, apresenta uma altura de 0,5 a 2 metros de acordo com a variedade e o modo de cultivo. As suas folhas são opostas, pinadas, finamente divididas em segmentos lineares e filiformes, conferindo um aspeto plumoso à folhagem. A inflorescência pode ser simples ou dobrada, e sendo do tipo capítulo, com várias flores diminutas formando o disco central amarelo e pétalas periféricas com extremidades denteadas. As pétalas podem ser róseas, brancas, vermelhas ou roxas, em cores lisas ou em tonalidades destas cores, de acordo com a cultivar.

 

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Texto de Ana Raquel Cunha e Ana Luísa Soares.

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