Hortícolas Receitas

Espargos: um vegetal de luxo

Os espargos são uma das minhas hortícolas preferidas, pois são diferentes de todas as outras na horta, pelo modo de produção, reprodução, colheita e pelo modo de comer; o seu sabor é excelente.

Adoro espargos, mas não é fácil de ter em pequenas hortas — exigem espaço e não se conseguem produzir em vasos — o que impossibilita tê-los num terraço ou pequeno jardim.

Esta é a única desvantagem pois são de facílima manutenção e podem durar entre 10 e 15 anos no mesmo local, sempre a produzir, bastando que lhes demos alimento, adubo orgânico, uma vez por ano.

Propriedades dos espargos

São ricos em fibra, vitamina C, vitaminas B1 e B2, vitamina E, ácido fólico, fósforo, cálcio, magnésio, ferro, zinco e potássio e são utilizados em dietas de emagrecimento, são baixos em calorias e não têm gordura, nem colesterol. São uma planta perene da família Liliáceas e, apesar de existirem mais de 300 variedades, apenas 20 são comestíveis.

A sua produção é dividida em quatro variedades principais:

Espargos verdes

São a variedade mais comum no mercado e caracterizam-se pelo sabor tenro e suculento. A esta categoria pertencem os espargos selvagens, que podem ser colhidos no campo em determinadas épocas e que são de um sabor inconfundível, sabem mesmo a natureza.

Espargos brancos

Mais delicados e adocicados, são da mesma origem dos espargos verdes, só que são cultivados debaixo da terra, de modo a impedir o desenvolvimento da clorofila, criando assim a sua coloração branca.

Encontramos estes espargos brancos em conserva; também se podem comprar frescos, no entanto o preço é elevado, pois a sua produção é mais trabalhosa e exaustiva.

Espargos violetas/verdes

Este tipo de espargos apresenta uma mistura de cores entre o violeta e o verde e distinguem-se pela produção de rebentos carnudos que proporcionam um sabor fresco, agradável e exclusivo.

Espargos violetas

Esta variedade de espargos é mais pequena (normalmente apenas 2 a 3 centímetros de altura) e apresenta um sabor mais doce e intenso. A cor violeta deve-se à ação das antocianinas, que alteram a cor das plantas e têm a função de as proteger contra a luz ultravioleta dos raios solares.

Pode comprar sementes, mas a melhor maneira para os cultivar é comprar o que normalmente se conhece como “garras”, um conjunto de raízes de onde depois brotarão os rebentos.

Cuidados de cultivo

O cultivo de espargos pode ocorrer através de três métodos distintos:

  1. A sementeira direta;
  2. A transplantação de plântulas com dez a 12 semanas;
  3. A plantação de garras (conjunto de raízes) com 1 ou 2 anos de idade — terá mais sucesso se plantar garras com 1 ano de idade, pois o processo de plantação é mais simples.

Este ultimo trata-se de um método específico que se desdobra em três anos de cultivo.

No primeiro ano, os espargos não devem ser colhidos, só devem ser realizadas ações de manutenção para maximizar o desenvolvimento vegetativo da massa foliar, para criar uma planta forte e saudável.

No segundo ano, realizam-se operações semelhantes às do primeiro, para que o sistema radicular se possa desenvolver e acumular reservas para o crescimento nos anos seguintes.

Nalguns casos, a partir do segundo ano de cultivo, os espargos podem ser colhidos, se os rebentos, a parte comestível, também conhecida como caule aéreo, estiverem prontos, mas o meu conselho é que tenha paciência e espere mais um ano para que a sua planta se torne verdadeiramente forte.

No terceiro ano mantêm-se os cuidados com a cultura e inicia-se a colheita dos espargos, que pode ir até ao décimo ano. Apesar de poderem alcançar mais de dez anos de produção contínua, nos últimos anos há uma diminuição da sua capacidade produtiva, a planta estará mais frágil e sujeita a alguns problemas fitossanitários.

O processo de plantação

Para plantar espargos corretamente na horta, deve seguir os seguintes passos:

  1. Escolher o local da plantação. Selecionar um local que não tenha ervas daninhas, pois a existência destas pode sufocar o crescimento dos espargos.
  2. Abrir uma cova de 30 cm de profundidade e 40 cm de largura, o comprimento deve ser de 2 m se quiser plantar três ou quatro plantas, ou mais longo, se quiser aproveitar uma margem da horta ou do jardim e ter uma grande produção.
  3. No fundo da cova, espalhe uma camada de composto maduro e coloque por cima, perfeitamente estendidas, as garras dos espargos.
  4. A seguir deve cobrir com uma camada de estrume maduro, desta vez com 20 cm, e acabe de encher com uma camada de mulching. O solo ideal deve ser bem drenado e ter uma boa percentagem de areia. O espargo prefere climas temperados e suaves.

A colheita

Deve fazer-se no terceiro ano da cultura, na primavera, quando os rebentos estiverem jovens e com pouca fibra, se os deixarmos amadurecer, endurecem, ficam amargos e começam a espigar.

Os rebentos devem ser colhidos com 18-25 cm de comprimento. Quando começarem a ficar finos, a colheita deve parar, para não ocorrer exaustão radicular, que pode causar a morte da planta.

De comer e chorar por mais

A maneira como gosto mais de comer espargos é ao natural, cozidos e levemente molhados em manteiga derretida. Também fazem maravilhosas sopas e cozidos, são deliciosos em saladas.

Leia mais: Espargos com mozzarella e vinagrete de lúcia-lima

Os espargos têm propriedades rejuvenescedoras, tónicas e diuréticas que trazem muitos benefícios à saúde.

Uma alimentação com espargos proporciona uma excelente condição das artérias, da pele, das unhas, do cabelo, dos ossos, da vista, do estômago, do coração e do sistema nervoso.

É por isso que, na minha opinião, o espargo é considerado um vegetal de luxo!

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