Um cottage garden onde convivem plantas exóticas com espécies endémicas da Madeira.
A freguesia da Camacha, concelho de Santa Cruz, na ilha da Madeira, tem o seu nome associado a quintas de árvores frondosas e canteiros floridos. Infelizmente, muitas já desapareceram, outras foram amputadas e perderam identidade, algumas agonizam com as casas em ruínas e os jardins sufocados por espécies invasoras. Umas, poucas, continuam carinhosamente cuidadas, prenhes de beleza, cativando visitantes apaixonados pelos segredos das plantas.
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No sítio do Vale Paraíso, perto da Levada da Serra do Faial, entre os 730 e os 750 metros de altitude, num terreno onde existia uma casa do século XIX, em 1990 começou a ser criado um jardim que, decorridas três décadas, faz jus ao nome do local.
A velha casa foi reabilitada para habitação dos proprietários. Três antigos estábulos de pedra basáltica aparelhada foram transformados em acolhedoras casas para receber turistas – Azália, Camélia, Magnólia. Onde dominava o mato agora vivem árvores e arbustos exóticos em franca convivência com espécies endémicas da Madeira.
O jardim de Filomena Gonçalves e Pedro Costa Neves, com uma área aproximada de 5000 m2, é um recanto de sonho, um paraíso. O jardim é a expressão da sensibilidade de um casal de médicos-cirurgiões que trata meticulosamente uma enorme variedade de plantas nos tempos supervenientes das lutas em prol das vidas humanas nos blocos operatórios.
Neste cottage garden, com solo ácido e clima temperado húmido (a temperatura média anual é aproximadamente de 15 oC e a precipitação ronda os 1400 mm), sobressaem as coleções de camélias, magnólias e rododendros. No inverno, as camélias e as magnólias são as vedetas. Na primavera, brilham as flores dos rododendros e das azáleas, que em boa verdade botânica também são rododendros. No Jardim das Casas de Pedra foi acautelado espaço para as plantas endémicas. Na primavera, as belíssimas inflorescências cor-de-rosa dos enormes gerânios (Geranium maderense) contracenam com as manchas brancas dos pampilhos (Argyranthemum pinnatifi dum subsp. pinntifidum). Os perados (Ilex perado subsp. perado) reservam a sua maior beleza para o outono e o inverno, quando exibem os pequenos frutos vermelhos entre a densa e brilhante folhagem verde.
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