Santuário de Nossa Senhora da Peneda
Os santuários portugueses são uma marca distinta da nossa paisagem, desde os centros das nossas cidades a lugares remotos no cimo dos nossos montes.
Uns foram apropriados como destinos de recreio da população – bem para além do dia da peregrinação – e estão equipados com notáveis parques, mantidos pelas respetivas confrarias e a todos acessíveis.
Estes parques, de um modo geral, são o resultado de uma evolução do lugar, por vezes ao longo de séculos. Iniciados como pequenos recintos murados que, em função de uma procura cada vez maior de peregrinos, reclamam uma ampliação, e alguns santuários hoje deram lugar a parques arborizados frequentemente procurados pela população.
O Santuário do Bom Jesus do Monte foi identificado como uma referência maior e indiscutivelmente o mais monumental de todos os santuários, com os seus escadórios envoltos por matas e um notável parque na sua parte superior, acima do templo. A sua proximidade a Braga fez dele um verdadeiro parque público com cerca de 20 hectares. Nas últimas décadas, a população tem-se vindo a apropriar do lugar onde se cruzam devotos, peregrinos, visitantes – muitas vezes na prática de desporto pedestre e ciclismo – e turistas vindos de todas as partes do mundo.
O Santuário do Bom Jesus do Monte inspirou diretamente outros santuários a norte, em paisagens graníticas, nomeadamente os santuários marianos de Nossa Senhora da Peneda, nos Arcos de Valdevez (freguesia da Gavieira, em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês), e Nossa Senhora dos Remédios, na cidade de Lamego e no Santuário cristológico do Senhor do Socorro em Ponte de Lima (freguesia de Labruja), que aqui convidamos a conhecer e visitar.
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Santuário de Nossa Srª da Peneda
Situado a quase 700 metros de altitude, o Santuário de Nossa Senhora da Peneda na serra do mesmo nome e no sopé da impressionante Fraga da Meadinha, sobre um vale resultante de uma falha geológica onde corre a ribeira da Peneda, está rodeado por uma frondosa mata. Segundo José Avelino de Almeida, em 1866, o santuário já rivalizava com o Bom Jesus, segundo nos diz Ilídio de Araújo (1962). Trata-se de um lugar de culto antigo rodeado de lendas cuja primeira memória data de 1220. A obra que hoje conhecemos foi iniciada na segunda metade do século XVIII e prolongou-se ao longo de quase todo o século XIX. O início do percurso ascendente é feito pelo Terreiro do Anjo, rodeado pelas capelas de Via Sacra que continuam escadório acima, até ao Pórtico dos Evangelistas, que se abre para amplo terreiro onde estão os quartéis e o Escadório das Virtudes, que conduz à igreja, neoclássica, no topo. A festa da Senhora da Peneda é anual e tem a duração de uma semana, entre 31 de agosto e 8 de setembro A visita ao santuário pode ser acrescida por uma caminhada no trilho da Peneda.
Santuário de Nosso Senhor dos Remédios
Fica em Lamego, no monte de Santo Estêvão, é antecedido pela extensa avenida das Tílias que se inicia junto ao antigo paço episcopal, atual museu desde 1918, reedificado na segunda metade do século XVIII. O escadório parte da alameda e no alto do monte encontra-se o templo que substituiu a Capela de Santo Estevão, datada de 1361. Construído ao longo de 150 anos, a obra terminou em 1905, o escadório é constituído por vários lances de escadas que conduzem a diferentes terreiros, sendo o mais impressivo o dos Reis e está envolto pelo parque de Santo Estevão ou dos Remédios. Em 1898, a Companhia Hortícola-Agrícola Portuense elaborou uma planta para o parque com uma vasta rede de caminhos adossada ao relevo acidentado, articulada com os terreiros do escadório. Possui equipamentos vários como espaços de merenda, lago e as grutas de São João e do Fundo e impressiona pela grande diversidade de espécies arbóreas autóctone e exóticas. Anualmente, a 8 de setembro, decorrem as festas da Nossa Senhora dos Remédios que são particularmente concorridas.
Santuário do Senhor do Socorro
Fica no caminho de Santiago, a 10 km a norte de Ponte de Lima. Trata-se de um curioso santuário inacabado, implantado na meia encosta, com a sua igreja de fachada cenográfica. A igreja, iniciada em 1773, possivelmente com subsídios régios, foi alvo de um projeto grandioso por parte do emigrante brasileiro António Augusto Pereira, de Barcelos, que pretendeu reproduzir aqui o Santuário do Bom Jesus do Monte de Braga. A igreja, com encantadores altares no inferior, possui uma planta datada de 1864 que nos permite compreender a grandiosidade e o atrevimento do sonho de António Augusto Pereira. Com escada de acesso decorada por estatuária de anjos, inscreve-se num recinto retangular e, numa cota mais elevada, desenvolve-se um escadório neoclássico imponente mas como que desajustado ao sítio que conduz ao recinto das merendas, com os seus fornos e mesas que aguardam os romeiros do primeiro dia do mês de julho, a grande festa do santuário.
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