Jardins & Viagens

Os parques dos santuários

 

Património a conhecer na Rota dos Jardins Históricos de Portugal.

 

No inventário da AJH – Associação Portuguesa dos Jardins Históricos, o conceito de jardim histórico, público ou privado, inclui cinco categorias:

1) parques de santuários

2) cercas conventuais

3) quintas de recreio

4) jardins e parques públicos

5) jardins botânicos.

Nesta edição da Jardins apresentamos os parques dos santuários que integram a Rota dos Jardins Históricos de Portugal e, em próximas edições, iremos particularizar alguns dos mais notáveis.

 

Leia ainda “Jardins de Portugal: Rota da Grande Lisboa”

 

Inscritos em recintos, murados ou não, os santuários estão ligados a manifestações divinas e, frequentemente, encontram-se em pontos altos associados a cultos ancestrais. São lugares sagrados de encontro de comunidades inquietas na sua relação com o divino e de proteção dessas mesmas comunidades que a eles se deslocam vindas de diferentes distâncias. Os santuários são destinos de culto que se manifestam em diversos rituais – desde a entrega de oferendas à oração – e de peregrinação.

Foram sempre lugares de acesso público onde se cruzam festividades religiosas e profanas e são equipados com diversos espaços quer devocionais, como os calvários e as vias sacras, quer lúdicos, como o arraial (espaço de festa e feira) e as zonas de merenda e jogos, quer de serviços como os quartéis onde se dorme dentro de portas ou ao relento e ainda as áreas de parqueamento, durante séculos de animais – cavalos, machos ou burros – que era preciso alimentar e, hoje, de automóveis e camionetas.

 

 

Os santuários com este conjunto de equipamentos e espaços destinados a diferentes funções podem ser considerados os lugares onde nasceu o recreio de ar livre e o encontro das comunidades para o lazer. É frequente nos santuários encontrarmos os seus recintos ensombrados por bosques seculares de sobreiros ou carvalhos, espaços apelativos ao convívio dos peregrinos. Alguns santuários assistiram à chegada de árvores exóticas desde meados do século dezanove como os ciprestes de Lawson (Chamaecyparis lawsoniana) ou os abetos e à evolução de alguns dos recintos em parques de recreio com denso arvoredo, lagos, grutas, zonas de jogos, comes e bebes. São exemplo de santuários mais primitivos o santuário de Nossa Senhora das Neves em Boticas em que a capela se encontra rodeada por um pequeno recinto murado ou o santuário de Nossa Senhora dos Engaranhos em Chaves, advogada das doenças das pernas cuja romaria é no primeiro domingo de Setembro. É também murado, com a sua capela no alto tendo atrás um grande penedo com uma pia que, reza a tradição, nunca seca e onde os peregrinos se banham. Por aqui passou Miguel Torga em 1982 referindo a “… ermidinha tosca da serra, com lindas vistas e muita solidão.” Numa outra escala, temos os santuários na meia encosta com elaborados escadórios e envoltos em parques como é o caso do santuário do Bom Jesus do Monte em Braga ou o santuário da Nossa Senhoras dos Remédios em Lamego. 

 

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