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Convento dos Capuchos

convento dos capuchos

 

O Convento dos Capuchos, fundado em 1560, é um monumento inserido na Paisagem Cultural de Sintra, listada como Património Mundial, e situa-se na vertente norte da serra de Sintra, em pleno Parque Natural de Sintra-Cascais.

 

Também conhecido como Convento da Cortiça, foi mandado construir por D. Álvaro de Castro, que, enquanto embaixador em Roma, conseguiu, do Papa Pio IV, uma indulgência plenária a quem rezasse no altar-mor da capela do convento pelos interesses da Igreja Católica no dia da Invenção da Cruz, dia 3 de maio, atual data de fundação do convento.

Até 1834, o Convento dos Capuchos foi habitado pelos frades franciscanos e funcionava como centro das várias ermidas espalhadas pela serra. Nesse ano de 1834, o governo liberal extinguiu a presença de ordens religiosas em território nacional, o convento foi então adquirido por Francis Cook, primeiro visconde de Monserrate, em 1873, e pelo Estado Português, em 1949.

Em 2019, inicia-se o projeto de restauro de todo o convento, premiado, em 2022, pelo Europa Nostra na categoria “conservação e adaptação a novos usos”. O projeto global foi precedido por um aprofundado estudo histórico e por um extensivo trabalho de compreensão, inventariação e levantamento dos elementos de composição e infraestruturas existentes, acompanhados por estudos arqueológicos para melhor caracterização do convento e zona envolvente.

 

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A intervenção estruturou-se nas seguintes premissas: visão global do conjunto de património edificado e integrado, investigação cientifica dos seus materiais constituintes, caracterização e produção de informação relativa às diferentes fases construtivas do monumento, uso de materiais de conservação e restauro compatíveis com os existentes, mantendo a sustentabilidade e o uso de técnicas de construção tradicionais, onde, por exemplo, se promoveu o uso de materiais locais, como o saibro, que foi empregue na produção de argamassas, ou a cal aérea, material sustentável, reciclável e atualmente em desuso, devendo ser privilegiado como forma de manter esta tecnologia “viva”.

Em complemento, foi igualmente desenvolvida uma análise histórica, que permitiu vislumbrar como seria a vida comunitária dos Capuchos de Sintra e saber que as cercas conventuais da ordem franciscana integravam, na sua maioria, uma área de bosque, um pomar e uma horta. O bosque reveste-se de grande significado místico e simbólico, proporcionando um ambiente calmo, sombrio, íntimo e misterioso, ideal ao recolhimento, à oração mental, à meditação e à atitude contemplativa. Os pomares e hortas são os espaços produtivos das cercas, que asseguravam a subsistência da comunidade e tratamentos naturais, onde o elemento água estava sempre presente, como símbolo de vida e de fertilidade, fonte de regeneração corporal e espiritual, sinal da pureza alcançada, ou almejada.

 

 

O facto de os frades franciscanos viverem em tão grandes privações era justificado pelos seus votos de pobreza, produzindo apenas o necessário à sua sobrevivência, numa aspiração à perfeição espiritual, complementada com trabalho, contemplação e comunhão com a Natureza e suas formas de vida, procurando um equilíbrio com o universo. O acesso à cerca do convento foi reconfigurado, tendo-lhe sido devolvido o carácter orgânico que teria o caminho dos peregrinos pela floresta, tornando-o um caminho que permite ao visitante ser
gradualmente surpreendido pela mística envolvente e ir descobrindo toda uma beleza verdejante até chegar aos blocos graníticos que formalizam a entrada na cerca.

Os trabalhos preparatórios na cerca do convento permitiram avaliar o estado atual da flora e conhecer a vegetação potencial da sua envolvente, tendo sido completados com um estudo paleoetnobotânico (estudo dos vestígios botânicos encontrados no local) que ajudou a reconhecer as antigas práticas agrícolas e os aspetos do quotidiano da vida monástica, assim como reconstituir a flora natural e cultivada deste convento e sua envolvente e a sua evolução ao longo dos séculos. A intervenção na vegetação iniciou-se com a eliminação de invasoras e infestantes presentes na cerca conventual e na envolvente, diminuindo complementarmente o risco de queda e rutura de árvores. Prosseguiu com a promoção do desenvolvimento da vegetação rasteira e da regeneração natural de espécies que ocorrem espontaneamente na área, tendo sido realizados adensamentos com espécies autóctones, escolhidas tendo por base o estudo botânico realizado, tornando todo o espaço mais interessante do ponto de vista botânico e paisagístico.

 

 

Por fim, iniciou-se a recuperação das hortas e pomares do convento, através da implementação do projeto Horta do Convento – Convento dos Capuchos, Sintra, que visa abrir estes espaços aos habitantes da região, permitindo-lhes desenvolver as suas hortas nos espaços utilizados pelos frades franciscanos que habitaram este lugar, tirando partido das condições excecionais que a serra de Sintra oferece para a prática agrícola biológica, em perfeita integração com a Natureza e com o espirito da ordem.

 

Conheça a Peninha, em Sintra.

 

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