Este mês, embebida pelas cores ocre com que o outono nos brinda, recordo como é crucial observar a Natureza e aceitar a sua cumplicidade a todos os níveis e em todas as suas fases.
Afinal, as plantas são para o Homem mais do que uma necessidade ou uma garantia de sobrevivência; são parte integrante da nossa vida e influenciam até o nosso estado de espírito sem que nos apercebamos. Esta cumplicidade que cada vez mais cresce em nós deve ser transmitida às crianças de forma a que valorizem ao máximo os recursos naturais, e o outono dá-nos uma excelente oportunidade de o fazer. No fim do verão, as cores mudam para amarelo-alaranjado, castanho e dourados, e, a par da paisagem, também a alimentação se adapta, surgindo os primeiros alimentos de conforto, entre eles, a abóbora. Este fruto de formas curiosas e utilização versátil é muito nutritivo, baixo em calorias e podemos introduzi-lo na vida de adultos e crianças sem que se apercebam que estão a comer uma enorme fonte de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes. Além de alimentar, esta é a época em que as abóboras compõem mesas e decorações em muitas casas e lojas, mas também marcam presença no jardim.
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Curiosidades interessantes do ponto de vista botânico, histórico ou estético e pitoresco sobre as abóboras
- As abóboras são frutos: à semelhança do pepino, do tomate ou mesmo do abacate, em taxonomia vegetal, a abóbora é, na verdade, um fruto e não um legume uma vez que provém da flor. A abóbora é o ovário da flor que foi fecundada, desenvolvido, e que porta as sementes da próxima geração;
- 90% de uma abóbora é composta por água;
- Uma abóbora leva entre 90 e 100 dias a atingir a maturidade;
- Todas as partes das abóboras são comestíveis, incluindo a pele, as folhas e as flores, mas nem todas são saborosas;
- As sementes da abóbora, a que chamamos vulgarmente pevides, além de saborosas, são muito nutritivas e baixas em calorias;
- Uma abóbora inteira pode conservar-se por cerca de dois meses após a colheita, desde que seja colhida com o pé e conservada em temperatura ambiente num local arejado e seco. Pode também ser conservada congelada, em cubos, fatias ou mesmo em puré;
- A associação das abóboras decoradas à Noite das Bruxas americana (Halloween) não está, na verdade, correta. Esta prática advém de uma tradição irlandesa, Samhaim, um festival irlandês que comemorava a passagem para o novo ano celta.
As abóboras são largamente cultivadas em todas as regiões por serem plantas comestíveis de grande valor nutricional (são ricas em ferro, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, sais minerais e vitaminas A).
Abóboras mais produzidas em Portugal
Abóbora-chila (Cucurbita ficifolia) – Planta vivaz e herbácea com origem na China. É uma abóbora de casca verde e polpa branca. É muito rústica, aprecia exposição solar e adapta-se a qualquer tipo de solo desde que rico em matéria orgânica. É muito utilizada na confeção de doces.
Abóbora-menina (Cucurbita maxima) – Planta anual originária da Ásia meridional – De casca e polpa cor de laranja vivo, a abóbora-menina é uma excelente opção para climas temperados. São normalmente as mais utilizadas em culinária, mas, dada a grande diversidade de formas, cores e tamanhos, apropriam-se à utilização na decoração e arranjos ornamentais. As variedades mais conhecidas da Cucurbita maxima são: menina, pau e hokkaido.
Abóbora-porqueira (Cucurbita pepo) – Também originária da Ásia meridional, destaca-se como uma variedade resistente capaz de prosperar em diferentes condições climáticas. O seu sabor suave torna-a excelente para animais de criação, mas é também largamente utilizada na nossa culinária. As suas sementes, conhecidas por pevides, são salgadas e normalmente consumidas como acepipes, em granola, etc.
Abóbora-carneira (Lagenaria vulgaris var. Clavata) – Originária dos trópicos mas cultivada em Portugal, sobretudo para doces. Tem hábito de trepadora, os seus frutos são cilindros estreitos, verde-claros, e a casca é fina com polpa branca e gelatinosa. Embora seja da família das Cucurbitáceas, trata-se na verdade de uma cabaça, utilizada sobretudo em doces. A sua utilização mais conhecida é talvez no bolo-rei, quando surge cristalizada.
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