Pragas e Doenças

Praga dos citrinos

Devido à psila-africana, uma praga que tem vindo a atacar os citrinos em várias regiões de Portugal, existem neste momento muitas restrições à sua comercialização.

Sintoma: Profundas depressões foleares

Sintoma: Profundas depressões foleares

A psila-africana-dos-citrinos, Trioza erytreae, é um inseto picador-sugador, com origem na África subsaariana, tendo sido registada pela primeira vez na Europa em 1994, na ilha de Porto Santo, e posteriormente, em 2002, nas ilhas Canárias. Passados 12 anos, foi identificada na Galiza e, em 2015, foi confirmada a sua presença em Portugal Continental, mais concretamente na região do Porto.

O desenrolar de um programa de prospeção foi imediatamente agilizado, tenho sido definidas zonas demarcadas nas quais houve o objetivo de controlar a praga e evitar a sua dispersão ao resto do País. A atual zona demarcada estende-se por todo o litoral desde o Minho até à península de Setúbal, encontrando-se na região do Porto mais desenvolvida para o interior.

Além dos estragos provocados pelas picadas infligidas nas folhas das plantas hospedeiras, esta praga ainda é um importante vetor da bactéria geradora da doença Citrus Greening Disease, causadora de declínio e morte prematura dos citrinos.

Hospedeiros

A generalidade das plantas da família das Rutáceas é potencial hospedeira desta praga, quer sejam espontâneas quer sejam cultivadas, de entre as quais se destacam os citrinos, parecendo ter preferência por limoeiros e limeiras, embora se encontre também nas outras espécies (laranjeira doce, laranjeira azeda, tangerineira, toranjeira e kumquat).

Ciclo biológico

Os insetos adultos alados possuem cerca de 4 mm de tamanho. Num período de aproximadamente 30 dias, ou seja, a duração da fase adulta, cada fêmea pode efetuar posturas diurnas até 2000 ovos nos ápices dos ramos novos e mais ensolarados.

As ninfas eclodidas destes ovos fixam-se na página inferior das folhas originando depressões profundas. As ninfas atravessam cinco estados de desenvolvimento até se tornarem elas próprias insetos adultos e alados.

Cada geração poder-se-á completar entre 40 e 100 dias em função da temperatura. Esta praga, contrariamente a muitas outras, não possui período de hibernação. Contudo, em situações de temperaturas abaixo dos 10 °C, as ninfas não apresentam desenvolvimento. A psila-africana, na sua forma alada, não voa mais que 1,5 km, pelo que a sua dispersão natural é relativamente curta, contrapondo com a dispersão derivada da comercialização de plantas afetadas.

Psila-africana-dos-citrinos

Psila-africana-dos-citrinos

Sintomatologia

Um dos sintomas mais característicos da psila-africana são as galhas abertas, ou seja, as profundas depressões foleares, provocadas pelo consumo de seiva e pela toxicidade que as ninfas causam nas folhas, deixando-as atrofiadas, enroladas e amareladas, originando o enfraquecimento generalizado da árvore e consequente diminuição da produção.

Paralelamente, acresce o facto de esta praga ser vetor da bactéria causadora da doença Citrus Greening Disease. Em resultado desta grave doença, as árvores afetadas apresentam uma copa pouco densa, com ramos esparsos e apresentando dieback. As folhas evidenciam um amarelecimento irregular, ficando as nervuras salientes e amarelas. Os frutos não se desenvolvem, ficam deformados e descoloridos e com sabor amargo.

Medidas de controlo

É importante compreender a gravidade deste binómio praga-bactéria. Em resultado desta gravidade, foi elaborado um plano de ação que contempla diversas orientações com vista ao controlo da praga.

Existem assim no País duas grandes áreas: A zona demarcada (composta pela zona afetada e pela zona tampão); e a zona livre. A zona afetada corresponde às áreas nas quais está confirmada a presença da praga, sendo que a zona tampão consiste numa área adjacente 3 km em volta da zona afetada. A zona livre é, pois, a área exterior à zona tampão e sem a presença da praga.

Foram também tidos em conta a tipologia de utilizadores das plantas hospedeiras. Consideraram-se os proprietários de pomares e os proprietários de árvores isoladas, sendo que noutra perspetiva foram identificados os agentes económicos (viveiros, centros de jardinagem, feiras e estabelecimentos comerciais).

Sintoma: Folhas atrofiadas, enroladas e amareladas

Sintoma: Folhas atrofiadas, enroladas e amareladas.

Medidas fitossanitárias

Na zona afetada para proprietários:
– Obrigação de realização de tratamentos com inseticidas homologados;
– Poda severa de ramos com Trioza erytreae, com destruição por queima ou enterramento;
– Proibição de retirar do local ramos, folhas e pedúnculos, exceto os frutos.

Na zona tampão para proprietários:
– Obrigação de vigilância e informar as autoridades fitossanitárias se observar sintomas;
– Proibição de retirar do local ramos, folhas e pedúnculos, exceto os frutos.

Na zona livre para proprietários:
– Obrigação de informar as autoridades fitossanitárias se observar sintomas;
– Proibição de trazer plantas, ramos, folhas e pedúnculos, exceto os frutos, do interior da zona demarcada.

Medidas fitossanitárias na zona demarcada para operadores económicos:
– Obrigação de destruição de todos os vegetais de citrinos;
– Proibição de produção e comercialização de citrinos.

Na zona livre para operadores económicos:
– Obrigação de vigilância e informar as autoridades fitossanitárias se observar sintomas;
– Proibição de enviar plantas para comercialização na zona demarcada.

 

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