Ornamentais

Região macaronésica: um hotspot de biodiversidade

A origem da palavra Macaronésia é grega e significa Ilhas Felizes (makáron = felicidade, nésoi = ilhas).

A região da Macaronésia teve a sua primeira referência na mitologia grega, onde eram descritas como um conjunto de ilhas localizado no oceano Atlântico onde os homens levavam uma vida feliz e desfrutavam dos seus bens terrestres. No entanto, estes arquipélagos apenas foram descobertos pelos navegadores portugueses e espanhóis entre os séculos XIV e XV com a expansão marítima.

A origem da palavra Macaronésia é grega e significa Ilhas Felizes (makáron = felicidade, nésoi = ilhas). Consta que foi utilizada pela primeira vez pelo inglês Philip Baker Webb (geólogo e botânico) para se referir a esta área biogeográfica devido à riqueza e singularidade dos seus recursos botânicos.

A Macaronésia é uma região biogeográfica situada entre os 15 e os 40 graus de latitude no Atlântico Norte, ao longo da costa africana, compreendendo cinco arquipélagos: Açores, Madeira, Selvagens, Canárias e Cabo Verde. Estes arquipélagos, de origem vulcânica, atingem altitudes acentuadas mesmo em áreas pouco extensas e caracterizam-se por possuírem uma flora endémica muito rica. Especificamente, o somatório do número de plantas vasculares possíveis de encontrar nos arquipélagos Macaronésios ronda as 4500 espécies. Cerca de um quinto destas (900 espécies) é endémico exclusivo de um determinado arquipélago e aproximadamente 220 são partilhadas entre arquipélagos. São de destacar os géneros Aeonium (ca. 41 espécies), Sonchus (ca. 31 espécies) e Echium (ca. 27 espécies).

Além da sua beleza inestimável, a Macaronésia é considerada um hotspot de biodiversidade, sendo reconhecida como um dos centros de biodiversidade mais importantes a nível mundial e como um ótimo modelo para o estudo dos processos evolutivos inerentes à diversificação da flora extante. Desta forma é necessário proteger, conservar e reabilitar este conjunto de espécies único no mundo.

Este mês, damos-lhe a conhecer quatro espécies endémicas dos arquipélagos característicos desta região biogeográfica.

Com a colaboração de Teresa Vasconcelos, Maria Romeiras e Miguel Brilhante

Referências bibliográficas: Brilhante, M. Â. F. (2019). From the flowers to the cells: A trait-based and cytogenomic study of Macaronesian Aeonium genus (Crassulaceae) [Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Biologia]. Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal. https://repositorio.ul.pt/handle/10451/41697

AEONIUM ARBOREUM (L.) WEBB & BERTHEL.
SEMPRE-VIVA

Família: Crassulaceae.
Origem: Região Macaronésica, ilhas Canárias.
Porte: Até 1,5 metros.

Arbusto de folhas suculentas dispostas em roseta, cujo centro dá origem a uma inflorescência vistosa de flores amarelas a cada época de floração (setembro a novembro). Agrupam-se em inflorescências densas, de forma ovoide a hemisférica. Cada flor produz uma quantidade substancial de sementes de pequena dimensão. O seu porte exuberante e único assim como a sua longevidade e facilidade de cultivo fazem com que seja altamente apreciada em jardinagem, compondo uma das espécies de plantas suculentas mais amplamente cultivadas em todo o mundo.

ANGELICA LIGNESCENS REDURON & DANTON
ANGÉLICA, SALSA-PRETA

Família: Apiaceae.
Origem: Região Macaronésica, Açores (São Miguel, Terceira, Pico, Faial e Flores).
Porte: Até 3 metros.

Planta endémica do arquipélago dos Açores, rara, com populações muito localizadas e com um número reduzido de indivíduos. É descrita como surgindo apenas em habitats onde haja um abastecimento contínuo de água. Herbácea robusta, perene, no seu período de floração, durante o verão, pode atingir cerca de três metros de altura e um metro de diâmetro. As suas folhas são verde-amareladas e as inflorescências umbelas muito ramosas, de flores branco-amareladas.

DRACAENA DRACO L.
DRAGOEIRO

Família: Asparagaceae.
Origem: Região Macaronésica, Cabo Verde e Canárias.
Porte: Até 8 metros.

Árvore perenifólia de folhas ligeiramente suculentas, de limbo linear estreitando para o ápice, de cor verde-acinzentada e textura coriácea, reunidas nas partes terminais dos ramos. As flores de cor branca-esverdeada aparecem no início da primavera, e os seus frutos, bagas quase esféricas, no início do verão. É uma espécie muito resistente à seca.

ECHIUM CANDICANS L.F.
MASSAROCO

Família: Boraginaceae.
Origem: Região Macaronésica, Madeira.
Porte: 1,5 a 2,5 metros.

Planta semilenhosa, perene, de crescimento rápido, nativa da ilha da Madeira. As suas folhas de cor verde-acinzentada surgem dispostas em roseta em torno dos ramos cobertos de pelos duros e espessos. Durante a primavera-verão, acima da folhagem despontam pequenas flores roxas reunidas em longas inflorescências paniculadas. Tolera a secura, o vento e proximidade do mar. Não necessita de cuidados especiais de manutenção.

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