Angers 10-12 de setembro
Salon du Vegetal em números
260 expositores | Mais de 8000 visitantes
É sempre uma descoberta ir a esta que considero uma das melhores feiras para quem quer ver plantas de qualidade, maioritariamente produtores franceses, um evento muito bem organizado e com muito bom gosto.
Tendências de jardinagem 2025
A par com a feira, decorreram conferencias, conversas, workshops interessantes, assisti à apresentação de Manuel Rucar da Chlorosphere, que falou das tendências para 2025 e de como vai o mercado das plantas, principalmente em França, onde a empresa está sediada.
Há cada vez mais feiras de plantas locais, por todo o pais, cada vez mais micro-comunidades que gostam de jardinar, de bricolage e de animais.
Comprar local
Tal como há a preocupação de comprar frutas e legumes locais (mais do que comprar bio) também há de comprar plantas ornamentais, hortícolas e aromáticas de produtores locais. Há uma economia circular que se desenvolve rapidamente, 35% dos consumidores gostam de comprar local .
Bohéme chic, jardim minimalista e permacultura
A tendência mais significativa é a do Bohéme chic, e a cor do ano, o cor-de-laranja retro, que se vê nas flores, na decoração (muito evidente nos bouquets dos casamentos).
Os consumidores mais importantes são as mulheres (45-60 %), os millenials, que já representam 45% compras nos centros de jardinagem.
Neste momento há duas principais tendências por um lado o jardim , limpo e impecável , com um aspeto urbano, minimalista, e por outro quase o oposto, o jardim com horta , jardim comestível e horta de permacultura.
Bridgerton
Para quem viu a série e ficou fã, esta é uma tendência que saiu dos écrans e passou para a decoração (móveis, papel de parede, louças, etc), jardins, roupas, maquilhagem, etc. Até no Chelsea Flower Show houve um jardim inspirado em Bridgerton. É uma série muito passada no exterior e muito apreciada pelos millenials, todo um universo florido, cores , estilos , Regency Gardens, palete vegetal de um jardim a inglesa, rosas, peónias , glicínias, etc.
Coeur Végétal
É uma das zonas centrais da feira, um laboratório de ideias, onde as plantas estão apresentadas em pequenos jardins, ambientes, soluções para que os visitantes se sintam inspirados.
Desde um túnel vegetal, jardim faunístico, a felicidade no jardim, nem uma gota se perde, a uma experiencia imersiva renatura onde numa maquete se recriam os vários jardins do futuro.
Também neste espaço, se localiza uma livraria e a zona do fórum onde diariamente acontecem varias apresentações, mesas redondas, debates, podcasts, etc.
Os expositores são muitos e de todo o tipo de produção de plantas, vasos, materiais de apoio á produção de plantas. Destaco alguns de que gostei especialmente e os que tive oportunidade de visitar as instalações e a produção.
Stervinou
Um produtor que existe há 80 anos, especializado em plantas acidófilas principalmente camélias , rododendro, magnólias, produzem mais de 200 variedades de plantas, mais de 40.000 camélias por ano.
A produção situa-se na Bretanha, 5 hectares de estufas, 10 hectares ao ar livre. Grande parte das plantas produzidas são para exportação para Inglaterra , Irlanda, têm clientes no norte de Portugal . Há variedades que são feitas em parceria com a Sapho. A força da empresa é a inovação , qualidade e saber fazer pois é uma empresa familiar muito bem gerida e motivada.
Cannebeth
É uma referência na produção de plantas para clima mediterranico , situa-se em Montpellier , produz principalmente buganvílias , impatiens , teucrium e gramíneas. Tem mais de 120 variedades de buganvílias, várias arbóreas e sem espinhos. Destaco a Buganvília arborea Sweet odysee e uma buganvília com aroma, cujas flores são verdes e tem muito picos
Ferme Saint Marthe
Para quem gosta de sementes, esta empresa é uma verdadeira perdição, pois tem todo o tipo de sementes de plantas hortícolas, aromáticas, ornamentais, plantas biológicas, e também tem kits com várias combinações de sementes já feitas, que são muito interessantes para ofertas. As embalagens são de muito bom gosto.
Travers Group
Nesta empresa com mais 150 anos, falei com o Mathieu Travers que é a sexta geração da família, são especializados na produção de trepadeiras e de pequenos frutos.
Têm uma enorme gama de clematites, muitas delas resistentes ao calor, que são adequadas para o nosso clima em Portugal. Ganharam neste evento um prémio com uma Passiflora de frutos comestíveis.
Morel Cyclamen
Esta é uma das minhas empresas favoritas, pois sou numa enorme fã destas plantas. As novidades eram bastantes com novas cores do Cyclamen Petit Moulin, do Indiaka, e a maravilha do Tuxedo, mas o meu preferido de sempre continua a ser o Absolu de Morel com o seu aroma inconfundível, não conheço nada que tenha um aroma semelhante.
Trouxe comigo um petit-moulin e está lindo no meu terraço, não há outono sem ciclâmenes.
Voltz
Esta foi uma das empresas que visitei, foi fundada em 1985 por Sérgio Voltz, é hoje uma das maiores companhias do ramo da horticultura. Tem mais de 100 empregados. Tem atividade em França, Itália, Alemanha e Holanda. Tem mais de 50 parceiros na produção de plantas e tem a exclusividade da produção de algumas plantas, e lança no mercado novas plantas todos os anos.
Há 15 anos que fazem estes campos de ensaios para mostrar as novidades ao mercado e aos especialistas. É um verdadeiro jardim, como nunca tinha visto. Não só a parte das ornamentais, mas também a das plantas hortícolas e a das plantas aromáticas.
Milhares de clientes, cinco mil clientes de França e 12 mil de toda a Europa visitam estes ensaios todos os anos. Produzem muitas plantas em parceria com a Safo, uma delas o Agapanto branco Nina White ganhou um prémio no Salon du Vegetal. A variedade de tomate, pimentos, aromáticas, entre elas uma de que gostei muito pois não conhecia, a planta ostra (que sabe mesmo a ostra) Mertensia marítima, nunca a vi à venda em Portugal mas tenho quase a certeza que seria um sucesso !
Ernest turc
Mais uma empresa familiar que o fundador (Ernest Turc) era inicialmente um caixeiro viajante turco que vendia sementes nos Alpes, um dia passou em Angers onde comprou uma propriedade se fixou e começou a produzir plantas ( pois a mulher tinha-lhe dito que estava farta que ele andasse sempre fora de casa). Durante a guerra foi a mulher Berthe que ficou à frente da empresa e trouxe as mulheres para trabalhar que com elas traziam as crianças , ainda hoje há um jardim em memória da Berthe.
Esta empresa é conhecida pela sua enorme variedade de dálias, mais de 260, que podemos ver no seu jardim (campo de ensaio) que é uma coisa única ! Cada vez desenvolvem mais dálias de tons pastel, pois são as que têm mais procura.
Também produzem bolbos de Agapanthus , Canna indica, alstroemerias, lilium, Iris, allium, mas não aqui, num viveiro que têm na Bretanha com cerca de 20 hectares, onde conseguem antecipar a produção em relação aos holandeses. Têm cerca de 50 pessoas a trabalhar, vendem 800.000 dálias por ano e mais de 30 milhões de bolbos. A altura de maior embalagem de bolbos e desde julho ao início de setembro.
Robert Minier, Hortival
Este é um dos maiores produtores franceses, ligado ao grupo Hortival. Tem associada a
Silence Ça Pousse – inspirada num program de TV de grande sucesso há muitos anos, apresentado por Stephane Marie, um apresentador muito carismático, autor de vários livros e que também é diretor de uma revista com o mesmo nome. A gama, tem toda uma série de plantas que que vende para os centros de jardinagem e também online, revista , etc grande sucesso há muitos anos.
Neste viveiro falamos com o seu diretor que nos fez uma apresentação da produção e de algumas novidades, o mercado está cada vez a procurar plantas mais pequenas, mais compactas, para poderem ser facilmente utilizadas em terraços , varandas e jardins mais pequenos , para transportar também é mais fácil. Isto aplica-se a uma série de plantas nomeadamente aos Hibiscos, em que são especialista, que estão a desenvolver os tradicionais mas também os mais pequenos e compactos.
Produzem para o mercado interno mas também para exportação para países como: Inglaterra , Benelux, Inglaterra, Espanha e Portugal.
O que é a Sapho?
Vários produtores que visitei tinham variedades em parceria com a Sapho. Há quase 50 anos que a Sapho está no centro do setor vegetal, como selecionadora e promotora de novas variedades. A Sapho não produz nem vende plantas. A sua missão consiste em:
– Selecionar, em parceria com os produtores , novas variedades segundo critérios de “boas -práticas”, ou seja, plantas estéticas, resistentes, originais, de fácil manutenção, adaptadas às necessidades dos mercados e que cumpram as exigências da qualidades agronômicas.
– Apoiar os produtores nos seus esforços para proteger as suas produções, gerir os contratos de licença de produção e a cobrança de royalties para eles.
– Garantir o desenvolvimento e promoção das variedades escolhidas para que sejam conhecidas, cultivadas e utilizadas por todo o setor em França, na Europa e no mundo.
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