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Tem um cão? Saiba como manter um relvado saudável

Mudei o meu relvado de Typhton (vulgo Bermuda) para uma mistura de Poa e Festuca, mais adequada às condições de Sol e sombra do jardim. Durante cerca de três meses tivemos um tapete de luxo, cómodo para andar e lindo para olhar. Mas foi verde de pouca dura. Começaram a aparecer aqui e ali manchas amarelas, arrendondadas, que não eram maleita mas, pura e simplesmente, cortesia dos meus cães. Infelizmente, o tipo de mistura de gramínea que mais se adequava ao jardim era também a menos resistente à urina destes animais.

Cães cá em casa, são quatro: dois machos e duas cadelas. Habituados a andarem livremente pelo jardim durante todo o dia, marcam o seu território como bem lhes apetece.

Sugestões de soluções apareceram logo, muitas e impraticáveis. Passear os cães na rua duas vezes por dia, revelava-se complicado porque levar à trela três vezes o meu peso em quilos é um risco que não quero correr. Passeá-los por turnos, coisa que faço no inverno quando os levo ocasionalmente à praia do Guincho, implica uma disponibilidade de tempo que não tenho. Fechá-los numa área reduzida do jardim parte-me o coração, e treiná-los a fazerem as suas necessidades fisiológicas num espaço próprio, é impossível de conseguir em cães com 10 anos, habituados a uma liberdade total.

Resumindo: ou relva, ou cães. É claro que esta última hipótese estava fora de questão e, por isso, durante o verão resignámo-nos a ver o maravilhoso relvado conspurcado aqui e ali pelas tais manchas amarelas.

Chegados o outono e as chuvas, constatei que, a pouco e pouco, as manchas desapareciam por efeito da diluição da urina na água. Esperançada, resolvi estudar a sério o assunto, tirando rapidamente algumas importantes conclusões:

  • Não é a acidez que provoca as manchas, mas sim o elevado teor de nitrogénio – ou azoto – que está presente no cócó e xixi, quer dos cães, quer das cadelas. Curiosamente, até se pode observar que, na orla da queimadura, onde o xixi é menos abundante, a relva se apresenta bem verdinha. A razão é simples. É que o azoto, em doses correctas, beneficia o relvado, e, por isso mesmo, na maior parte dos adubos, é o componente com a presença mais forte.
  • A ideia popular (errada) de que a urina das cadelas é que é a causadora de todos os males, deve-se apenas ao facto destas fazerem o xixi agachadas e de uma só vez, enquanto os cães levantam a perna e vão marcando o território às pinguinhas, dezenas de vezes ao longo do dia. É um problema de concentração do líquido. No caso do meu jardim, o problema é agravado pelo facto de ter quatro animais, e, como se sabe, se um faz uma vez, fazem logo dois ou três.
  • As fezes também são prejudiciais, só que, porque são sólidas, abrangem uma superfície de relva mais reduzida e, muitas vezes, são retiradas pelo dono do jardim, como é o caso cá em casa.

Algumas soluções

Então, que fazer? Por incrível que pareça, existem soluções experimentadas com algum sucesso em países mais esclarecidos, que passam por modificar a alimentação dos canídeos, já que a comida seca é mais alta em nitrogénio que a húmida, e que, infelizmente para a nossa bolsa, as rações premium têm um teor mais baixo que as de preço moderado.

Outra alternativa, é administrar aos animais levedura de cerveja, que vai anular a concentração de nitrogénio na urina. Descobri que existem produtos que podem ser dados sob forma de uma ou mais pastilhas por dia, consoante o peso do animal. Se consultarem a Amazon.co.uk verão que há vários produtos à venda na categoria de “Pet Supplies”, a par dos livros, DVD’s e aparelhagem electrónica.

Por enquanto, a chuva vai caindo em abundância e o relvado está uma glória, todo verde e sem uma única mancha, mas o bom tempo e o calor está quase à porta. Vou pôr em ação estas duas soluções e, quando parar a chuva ligo a rega automática três vezes por dia – mantendo, claro, o mesmo volume de água diário –, uma vez que deve ajudar a diluir a urina problemática.

Finalmente, uma última hipótese é usar um adubo menos forte em azoto/nitrogénio, para não sobrecarregarmos a relva com este componente. No entanto, corre-se o risco de deixar zonas menos adubadas, logo de tonalidades diferentes de verde. A ver vamos.

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