Plantas

Faça a análise de risco às suas árvores

O inverno é por si só uma estação caracterizada, em condições normais, pela ocorrência de ventos e chuvas fortes.

As árvores estão nesta fase do ano mais sensíveis a estes agentes climáticos, seja pela ação direta do vento, seja pelo acréscimo de peso derivado da água da chuva, que em algumas situações pode ser considerável.

Em condições anómalas, em situações em que as árvores foram alvo de intervenções desajustadas, tendo ficado enfraquecida a sua estrutura interna e/ou externa, ou em episódios climáticos extraordinários e imprevisíveis, tempestades, chuvas muito fortes, etc., se estas árvores não forem cuidadosamente vigiadas, podem provocar prejuízos mais ou menos sérios em infraestruturas, bens ou mesmo em pessoas.

As árvores de médio a grande porte são as que maior atenção merecem nesta matéria.

Análise de risco (avaliação da estabilidade biomecânica)

O processo de análise de risco, também designado por avaliação de estabilidade biomecânica, consiste na análise de um conjunto de parâmetros, sendo uns diretamente relacionados com a árvore e outros que, embora não sejam de ordem natural, interferem com a árvore.

Consideram-se de entre os parâmetros intrínsecos ao indivíduo a identificação da estrutura danificada, do respetivo coeficiente de fratura e coeficiente de dimensão, assim como coeficiente de dureza da espécie em causa.

No que concerne aos fatores externos, considera-se o coeficiente de uso do local onde a árvore está inserida.

Na caracterização da estrutura danificada e do coeficiente de fratura, após cuidados a avaliação visual da árvore na qual se procede à identificação das estruturas vegetais que apresentam situações anómalas, é calculado o grau de afetação do órgão da árvore mais danificado; isto é o coeficiente de fratura.

Para tal são analisados aspetos como a ocorrência de dano(s) não significativos; a presença de dano(s) considerados moderadamente significativos; ou ainda registando dano(s) considerados significativos.

No auxílio da determinação do coeficiente de fratura, após a avaliação visual da árvore, e na qual se detetem anomalias nas quais possam persistir dúvidas quanto à extensão dos danos internos, é recomendável o recurso a equipamentos de elevada precisão que possibilitam a análise dos parâmetros físicos da madeira.

O que fazer se a árvore está em risco

As intervenções preconizadas poderão ser de diversa ordem, salientando-se:

  •  O escoramento (instalação de sistemas de suporte sob a estrutura danificada);
  • A espiagem da árvore ou parte desta (instalação de sistemas de cabos que, repartindo esforços, retiram carga às estruturas danificadas);
  • As podas, que nas suas mais diversas funções e valias possibilitam também a diminuição de carga sobre as estruturas danificadas e, em situações limite, o abate do exemplar arbóreo.

Influência dos fatores meteorológicos na estabilidade das árvores

É importante ter em consideração a época do ano em que a avaliação é realizada, pois nem todas as anomalias se verificam de forma contínua.

A chuva

As chuvas provocam, além do encharcamento dos solos, com a consequente diminuição da capacidade de sustentação da árvore, o aumento significativo de peso das folhas. Por consequência, a carga sobre as estruturas que lhes são adjacentes aumenta, nomeadamente sobre os raminhos, transmitindo-se aos ramos, ao tronco e, por último, às raízes. Caso algum destes órgãos esteja comprometido quer pela ação de fraturas anteriores ou pela existência de diversos tipos de podridões, etc., as probabilidades de queda parcial ou total da árvore aumentam consideravelmente.

O vento

A presença de vento aumenta as forças transversais e a carga sobre as estruturas vegetais. Essa força é erradicada sobre os ramos, transmitindo-a ao tronco e, por último, ao sistema radicular.

A afetação significativa de algumas destas estruturas da árvore ditará o local da sua rutura. Neste tipo de agente climático, o vento, o facto de se tratar de espécies de folha caduca ou de folha persistente assumem total relevância; pois as folhas causam obstrução à passagem do vento, aumentando os índices de carga sobre o exemplar arbóreo. A ocorrência simultânea de vento forte e de solos encharcados amplia as hipóteses de episódios de queda de árvores.

Coeficiente de dimensão

Na descrição do coeficiente de dimensão é considerada a dimensão da estrutura danificada. Em função do diâmetro da estrutura danificada, assim é quantificado este parâmetro, sendo tanto mais elevado quanto maior for a dimensão do órgão afetado.

Coeficiente de dureza

A caracterização do item coeficiente de dureza traduz algumas das propriedades físicas da madeira da espécie vegetal em apreço. Este valor, embora seja constante para cada espécie, aumenta ou diminui de acordo com a espécie em causa de forma inversamente proporcional à dureza das estruturas lenhosas da árvore.

Árvores escoradas

Coeficiente de uso

Na avaliação do coeficiente de uso são analisados aspetos relacionados com o ambiente físico no qual a árvore se insere. Consideram-se locais de uso ocasional, locais de uso moderado ou ainda locais de uso frequente.

A presença deste coeficiente permite hierarquizar riscos. Fica possível gerir o arvoredo para privilegiar as situações mais urgentes, i.e., as mais comprometedoras para as atividades quotidianas.

Avaliação do grau de risco

O grau de risco surge da combinação dos parâmetros analisados e dá indicação do risco de a árvore, ou parte desta, colapsar, provocando mais ou menos danos. Permite ainda fornecer informações para a tomada de decisão acerca das intervenções a implementar para debelar o risco e recomendar intervenções em consonância com os defeitos estruturais registados.

Conclusão

A avaliação da estabilidade biomecânica revela-se então da máxima importância para poder antecipar e prevenir este tipo de acidentes. É contudo prudente alertar quanto à complexidade e sensibilidade desta temática. Em caso de dúvida, as avaliações de estabilidade biomecânica deverão ser efetuadas por técnicos especializados.

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