Pragas e Doenças

O fungo: Armillaria sp

 

São fungos que formam cogumelos e são responsáveis pelo aparecimento de podridão nas raízes.

 

Armillaria spp. são fungos com comportamento de parasitas facultativos, responsáveis pelo aparecimento de podridão radicular em plantas herbáceas sublenhosas e lenhosas nas regiões temperadas e tropicais.

Dentro do género Armillaria, estão atualmente identificadas seis espécies na Europa. A espécie A. mellea é considerada a mais patogénica para as plantas, capaz de atacar inúmeros hospedeiros, desde diversas plantas ornamentais, como as roseiras por exemplo, plantas cultivadas, como a videira, o quivi, a pereira, o limoeiro, o pessegueiro, o morangueiro, até espécies florestais como o sobreiro, a azinheira, ou o castanheiro. A A. ostoyae é considerada patogénica de coníferas, enquanto outras espécies como A. gallica, A. cepistipes, A borealis e A. tabescens são consideradas pouco patogénicas ou mesmo oportunistas, apenas atacando plantas enfraquecidas ou mesmo mortas.

 

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Morfologia

Os corpos frutíferos do fungo, ou seja, o carpóforo, comummente designado cogumelo, apresenta chapéus com diâmetros entre os 5 cm e os 15 cm, de aparência globosa, depois, convexa e, finalmente, aplanada, com coloração castanho-amarelada ou cor de mel mais escura no centro e coberto por escamas acastanhadas mais densas no centro que na periferia. A margem é encurvada e ondulada. As lâminas são adnadas, de tonalidade creme e posteriormente manchadas de castanho-avermelhado.

 

 

Os pés do carpóforo, aglomerados e unidos na base, medem entre 6 cm e 15 cm de altura e entre 1-2 cm de diâmetro. De consistência fibrosa, apresentam forma cilíndrica ou fusiforme, com coloração castanho-amarelada e avermelhada na base. O característico e delgado anel localiza-se alto no pé, é persistente, membranoso e estriado e exibe cor branca a creme. O carpóforo não possui volva.

Contudo, os carpóforos não se formam anualmente e quando se formam surgem apenas durante uma pequena parte do ano, no outono e no inverno. Durante a esmagadora parte do tempo, o fungo subsiste sob a forma de micélio, sendo uma massa de aparência leitosa, esbranquiçada e composta pelo conjunto de hifas, que é facilmente identificável sob a casca da base das plantas parasitadas.

No exterior das raízes observam-se estruturas rizomórficas, semelhantes a cordões, achatadas, de coloração castanho-escura e que são responsáveis pela propagação a doença através do solo. O fungo entra em contacto com as plantas hospedeiras através do sistema radicular ou do colo radicular (transição entre a raiz e o caule), penetram até chegarem aos vasos de xilema, acabando por matar a planta.

 

Sintomatologia

Os sintomas em videiras doentes apresentam-se mais frequentemente em pequenas manchas dispersas pelo terreno, sendo esta situação favorável à rápida progressão da doença. A definição do quadro sintomatológico nas folhas depende do grau de infeção das raízes:

a) as videiras poderão enfraquecer progressivamente, ficando as folhas amareladas e emurchidas, verificando-se a sua morte ao fim de alguns meses;
b) numa evolução mais rápida da doença, a planta morre subitamente. As espécies fruteiras atacadas apresentam frutos mais pequenos e em menor quantidade, comparativamente com as árvores saudáveis. Nos citrinos, a floração exibe-se de forma abundante.

 

 

Nos pinheiros, as pinhas são em maior número e mais pequenas que o verificado em árvores sãs.

Em muitas espécies florestais, na zona do colo ou ligeiramente mais acima no tronco, é comum o aparecimento de exsudados, de cancros, fendas ou estrias.

A sintomatologia apresentada ao nível aéreo pelas plantas atacadas não permite por si só a realização de uma diagnóstico seguro, uma vez que outras doenças produzem sintomas semelhantes. Torna-se assim essencial a inspeção do sistema radicular e o colo das plantas.

 

Estratégias de controlo

As estratégias de controlo da doença serão sempre de natureza preventiva, pois não há tratamento eficaz. Assim sendo, deve-se atender aos seguintes pressupostos:

  • Não realizar plantações em terrenos com má drenagem;
  • Não incorporar estrumes mal curtidos nas plantações, uma vez que estes poderão veicular o fungo;
  • Na preparação do terreno, remover cepos e restos de raízes que aí se encontrem. Inspecionar algumas das raízes para despistar a presença do fungo;
  • Em vinhas, pomares e jardins, quando detetadas plantas infetadas, dever-se-á arrancar e queimar as mesmas, tendo o cuidado de não replantar no mesmo local.

O fungo pode permanecer vários anos em restos de raízes afetadas que se mantenham no solo.

 

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