Hortícolas

Cultivar pastinaca em método biológico

pastinaca

 

Muito consumida pelos gregos e romanos na Antiguidade e antes da introdução da batata, era um alimento básico da maioria da população.

 

Nomes Comuns

Pastinaca, pastinaga, chirivia, cherovia, cherivia, cruruvia, aipo-do-campo.

Nome científico

Pastinaca sativa Linn. Vem do nome em latim Pastus, de pastagens para animais.

Origem

Europa Mediterrânica e Ásia Meridional.

Família

Umbelíferas ou Apiáceas (cenouras, aipos e nabos).

Características

Planta silvestre, com o caule ramoso, oco e açucarado, que pode atingir um metro de altura. As folhas são verde-escuras com a borda dentada e raiz pivotante, e pode atingir os 60 cm de comprimento. As sementes são castanhas, pequenas atravessadas por pequenas estrias.

 

Factos históricos

Muito consumida pelos gregos e romanos na Antiguidade; antes da introdução da batata, era um alimento básico da maioria da população. O imperador Tibério era um grande apreciador desta raiz, mandava vir de Gelduba (junto ao Reno) e aceitava pastinacas como forma de pagamento ao Império Romano. No século XVII, foram introduzidas nos Estados Unidos, mas com pouco sucesso, sendo consideradas toxica e invasivas. Na Europa, eram utilizadas como adoçante, antes da chegada da cana-de-açúcar. A pastinaca perdeu a sua “popularidade” depois da introdução da batata na Europa. Os ingleses são os maiores consumidores e apreciadores de pastinaca na Europa. Em Portugal, não se cultiva muito, mas, na zona junta à serra da Estrela, a planta tem alguma fama, existindo mesmo a Confraria da pastinaca e do pastel de molho da Covilhã.

 

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Ciclo biológico

Bianuais (5-9 meses), quando ficam mais de um ano, florescem e dão “frutos” com sementes. Se quiser consumir muito tenras, basta 4-5 meses.

Fecundação/polinização

A flor (aparece entre maio-junho) é uma umbela que pode crescer cerca de 150 cm, realizando polinização cruzada, por insetos. A planta é autofértil. As plantas selvagens de pastinaca podem facilmente cruzar-se com variedades selecionadas.

 

 

Variedades mais cultivadas

“Comprida” (longa)”, “Hollow Crown”, “Mediana” ou “Semicomprida”, “Redonda temporã”, “Comprida de Guernesey”, “Larga Corona Hueca”, “Panais média larga”, “Lisbonense”, (raiz longa e pesada) “Panais redonda precoce”, “All America”, “Avonresister” (mais pequena), “Larga branca”, “Média larga de Guernesey”, “Gladiator”, “Tender and True”, “Off enham”, “Cobham Improved”, “Turga”, “Javeline” e “Student”.

Parte utilizada

Raiz branca, parecida com a cenoura, com sabor doce e aromático (avelã).

 

Conselho de especialista

Trata-se de uma espécie que gosta do frio de inverno (fica mais doce) e vento não lhe faz mal. Cuidado com algumas espécies selvagens que existem nos bosques, pois é fácil confundir com uma espécie venenosa e mortal (Conium maculatum). As flores atraem sirfídeos, que são insetos auxiliares. As raízes e folhas podem ser utilizadas para produzir um inseticida para os afídios e aranhiço vermelho. Para uma família de quatro pessoas, plante apenas uma fileira de 7-10 metros.

 

Condições ambientais

Solo: Gosta de terra franca, areno-limosa ou areno-argilosa, solos profundos, bem drenados, frescos e húmidos e rica em húmus. O pH ideal situa-se entre 6,0-7,0.

Zona Climática: Temperado húmido ou subtropical.

Temperaturas: Ótimas: 15-25 oC Min: 4 oC Max: 29 oC

Paragem do desenvolvimento: 3 oC, precisa de dias frios para a planta ficar mais açucarada.

Temperatura do solo: > que 7 oC.

Exposição Solar: Semissombra ou pleno sol.

Humidade relativa: Deve ser alta.

Precipitação: 600-900 mm/ano.

Altitude: 0-1500 metros.

 

Fertilização

Adubação: Estrume de vaca e ovelha, bem decomposto. Deve ser enterrada a mais de 45 cm de profundidade. A farinha de peixe pode ser utilizada; é um bom composto.

Adubo Verde: Colza, azevém, fava, favarola, luzerna, mostarda.

Exigências nutritivas: 3:1:4 (azoto: fósforo: potássio), cálcio (grande quantidade) e magnésio.

 

 

Técnicas de cultivo

Preparação do solo: Sendo uma raiz com alguma profundidade (+ de 45 cm), precisa de lavouras mais profundas e esmiuçamentos da terra com grade.

Data de plantação/sementeira: Março-abril ou setembro-outubro; quando germinam, facilmente crescem sem grandes problemas.

Tipo de plantação/sementeira: A lanço ou em regos diretamente no local definitivo. Antigamente a semente era esfregada em areia para desembaraçar do seu duro invólucro.

Tempo de germinação: 2-3 semanas.

Faculdade germinativa (anos): Um ano.

Profundidade: 2 cm.

Compasso: 20 x 30 cm entre as linhas e 15 x 30 na linha.

Transplantação: Quando tiver 3-4 folhas.

Rotação: Com leguminosas, culturas de folhas e culturas de frutos. Só deve regressar ao mesmo terreno passados 3-4 anos.

Consociações: Com rabanetes, rábano, alho-francês, alhos ou cebolas.

Amanhos: Monda, sachas; aplicação de mulching; monda de ervas.

Regas: Por aspersão de dez em dez dias.

 

Entomologia e patologia vegetal

Pragas: Nematodes, mosca-da-cenoura, lagarta-branca, lagarta-mineira, nóctua-cinzenta, ralos, tripes, pulgões, alfinete e aranhiço-vermelho. Só esporadicamente é afetada por estas pragas, raramente tem problemas.

Doenças: Míldio, bolo branco, alternaria, septoriose, oídio, fusariose, podridão negra e algumas viroses e bacterioses.

Acidentes: Sensível à salinidade, alternância de temperaturas e queimaduras do sol.

 

Colheita e utilização

Quando colher: Colher no outono ou inverno (janeiro-março) ou no fim do verão (mais tenras), quando as folhas ficam secas ou murcham (raízes hibernam). Ao colher, deve usar luvas para evitar dermatites causadas pelo contacto com a seiva. Também podemos deixar as plantas durante todo inverno e retirar sempre que quisermos. Evitar as raízes que estão tortas, moles e com manchas. A raiz deve estar direita. Para colher as sementes, deixe apenas as três “umbelas do ápice da planta”, deixe secar, colha e coloque num saco com as flores voltadas para baixo.

Produção: 30-40 t/ha/ano por colheita ou 5-7 pastinacas por metro.

Condições de armazenamento: A 2 oC durante dois meses. No frigorífico, em sacos de plásticos perfurados, durante 2-4 semanas.

Valor nutricional: Rica em potássio, cálcio, fosforo, ferro, vitamina A, do grupo das B, C, K e fi bras. Bom teor em hidratos de carbono e açúcares. Tem mais vitaminas e minerais que a cenoura (parente próximo).

Época de consumo: Outono-inverno.

Usos: Pode ser consumida cozida, assada ou frita (igual à batata frita). Em saladas, puré, sopas, molhos e com legumes salteados (com nozes e vinho do Porto). Normalmente, pode substituir a batata ou cenoura. Na Alemanha, elabora-se uma conserva açucarada que se espalha no pão. Os irlandeses fazem uma cerveja magnífica, fermentando a pastinaca com cevada germinada. Também pode ser aproveitada pelo açúcar (contém 12%). Os porcos gostam muito deste vegetal e era muito utilizado na sua alimentação. O uso desta raiz faz aumentar a secreção láctea das vacas e o seu peso (produção de carne). O leite é mais amanteigado, o creme espesso e tem um aroma mais esquisito.

Medicinal: Estudos recentes detetaram substâncias cancerígenas (furocumarinas) que podiam ter efeitos mutagénicos, embora até ao momento não tenha causado nenhum problema de salubridade por ingestão da raiz. Sendo consumida há mais de 2000 anos, não me parece que as novas variedades sejam perigosas, antes pelo contrário… possui propriedades tónicas, diuréticas, desintoxicantes, antirreumáticas, facilita a digestão, diminui o colesterol, combate as constipações, acalma a tosse e é afrodisíaca. Também é utilizada como adelgaçante e combate a hipertensão, gota, retenção de líquidos e cálculos renais.

 

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