Plantas

Plantas resilientes para o jardim

Salvia nemerosa

As Salvia nemerosa são uma das plantas resilientes.

 

Enquanto arquiteta paisagista a trabalhar em contexto de garden centre, uma das soluções que mais me pedem são conjugações de plantas resilientes, resistentes à seca e ao sol direto, tanto para aplicar em jardim como para floreiras e vasos em varandas.

 

O exercício que costumo pedir às pessoas para fazerem, especialmente as que pretendem começar a desenhar o seu espaço de forma autónoma e autodidata, é que tirem algum tempo e percebam como funciona o seu espaço. Ao pensar no número de horas de sol direto, na humidade atmosférica a que o espaço está sujeito e nas amplitudes térmicas que sofre, tanto ao longo do ano como da noite para o dia, conseguimos perceber que plantas poderão adaptar-se ao espaço, ou seja, plantas resilientes. Não podemos esquecer-nos das características do solo onde vamos plantar, mas este fator é sempre mais simples de ajustar com substratos/corretivos agrícolas aquando da plantação.

Outro exercício que sugiro é que se inspirem na paisagem que mais se aproxima das condições em que o espaço se localiza versus a estética que mais apreciam, por exemplo: um jardim no centro ou norte de Portugal poderá ter uma vegetação mais verde e luxuriante, já um terraço no Alentejo ou um jardim no Algarve terá de ter plantas mais tolerantes à seca.

Seguem assim algumas hipóteses de grandes arbustos, arbustos e herbáceas que pode utilizar para manter o seu jardim com baixa manutenção.

 

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Cytisus spp.

Cytisus spp.

 

Pistacia lentiscus

É um grande arbusto que poderá crescer até uma pequena árvore e é das espécies mais versáteis que se pode utilizar para sebes mistas ou compartimentações de espaço. É perene, super-resistente a épocas quentes e secas e, caso viva próximo do mar, saiba que prospera saudável desde que não fique na primeira linha de mar. A sua folhagem verde-azeitona torna-a perfeita para articular com outras espécies como o Viburnum tinus (verde-escuro) ou a Pyracantha coccínea (verde-glauco), ambas resistentes e de crescimento semelhante.

 

Nerium oleander

O oleandro ou loendro é uma planta que se adora ou se odeia. Quem não o aprecia normalmente associa-o às bermas da autoestrada, onde prospera e floresce com pouca ou nenhuma manutenção. Mas esta planta é muito mais do que um arbusto resistente. De folha persistente, pode crescer até uma pequena árvore, com regime perene e com floração de maio a outubro, em cores como branco, rosa-claro ou vermelho. É nativa do centro e sul de Portugal e é utilizada como ornamental para jardins ou em floreiras.

 

Cytisus racemosus

A giesta amarela é, talvez uma das minhas favoritas mais recentes. Cultive em pleno sol ou meia-sombra em solo bem drenado e verá que prospera facilmente, desenvolvendo-se até 1,5 m. É uma excelente escolha para pátio ou para jardim. É uma planta atrativa, de flores amarelas com um crescimento orgânico pouco formal. Estas giestas são perfeitas para locais ventosos e, desde que garanta rega/solo ligeiramente húmido nas primeiras semanas de floração, não se arrependerá. Caso seja apaixonado(a) por colher plantas para arranjos, saiba que poderá utilizar a giesta como substituta da acácia visto que muitas espécies desta planta são invasoras em Portugal.

 

Lavandula stoechas

Lavandula stoechas

 

Salvias

Curiosamente as Salvia pertencem à mesma família que o alecrim, o tomilho, a alfazema ou o manjericão, pelo que partilham algumas características, como, por exemplo, serem aromáticas e comestíveis. São múltiplas as espécies que pode escolher para o seu jardim ou varanda e pode utilizá-las de acordo com o seu objetivo: A salva-comum (Salvia officinalis) é um arbusto com crescimento até 1 m de altura, de folha verde-cinza, que, além de ter folhas ótimas para chá, forma arbustos rústicos e densos. A Salvia microphylla, na gíria chamada “rapazinhos” pelas suas flores doces, é perfeita para aplicar em bordaduras ou em maciços, pois forma um pequeno arbusto repleto de flores aromáticas durante toda a primavera e verão. Por sua vez, as S. nemorosa são plantas encantadoras e resilientes cujo crescimento é mais rasteiro. A sua intensa floração não deixa ninguém indiferente e as flores são altamente melíferas pelo que é uma excelente escolha para atrair abelhas e borboletas para o jardim. Esta espécie funciona em canteiros e combinada com outras plantas aromáticas ou comestíveis como os orégãos, ou coordenada com gauras e alecrins. Qualquer uma destas sálvias é ideal para canteiros e floreiras com sol e em solos bem drenados.

 

Lavanda spp.

A lavanda é conhecida vulgarmente por alfazema, rosmaninho ou nardo. Embora contenha 47 espécies e mais de 450 variedades dentro do seu género, há quatro características que todas partilham: prosperam em sol pleno precisando de seis ou mais horas de exposição solar, preferem solos pobres e bem drenados, são mais tolerantes à seca do que ao excesso de água e apreciam poda no início da primavera. A Lavandula angustifolia, a L. shoechas e a L. dentata são as que mais se encontram disponíveis em centros de jardinagem, sendo perfeitas para criar sebes de compartimentação ou cercas vivas de baixas dimensões.

 

Helichrysum sp.

Conhecida por erva-caril, nada tem que ver com este condimento, embora exale um forte aroma a caril. É uma planta nativa do sul da Europa e muito resistente à secura e ao vento. As flores amarelas ocorrem de maio a setembro e é uma planta utilizada como ornamental, mas também no processo de estabilização de dunas, pois resiste aos ventos do mar. É um subarbusto cuja altura poderá ir dos 10-35 cm de altura e é perfeita para utilizar num jardim com baixa manutenção.

 

Salvia rosmarinus

Não deve haver muitos portugueses que não conheçam o alecrim, um subarbusto mediterrânico de folha perene, muito aromático e resistente. Este é frequentemente utilizado nos nossos jardins e parques públicos dada a sua resiliência, mas também pelo seu carácter ornamental. A sua floração azul surge na primavera, e tanto as flores como as folhas podem ser utilizadas para culinária ou fins medicinais. A versão escandente, o Salvia rosmarinus prostratus, é frequentemente aplicada em rock gardens devido à sua forma, que funciona como cobertura de solos ou em vasos e floreiras suspensas. Trata-se duma espécie muito rústica sem grandes exigências quanto ao solo, que se desenvolve em substratos pobres desde que bem drenados.

 

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