Frutícolas

As lichias

Ricas em fósforo e potássio, vitamina C e residuais de vitaminas do complexo B, o que traz benefícios para a pele, para o sistema imunitário, para o fígado e para o sistema circulatório.

As líchias são produzidas pela Litchi chinensis, uma árvore originária da China e que tem sido cultivada desde há bastantes séculos, sendo muito apreciada no seu país de origem. Hoje em dia, o consumo de líchias está mais espalhado um pouco por todo o mundo, sendo comercializadas frescas e enlatadas. São bastante cultivadas na Índia, no Sudeste Asiático, em Madagáscar e na África do Sul, mas espalharam-se para outros países em África, nas Américas e na Ásia.

Cultivo e colheita

As líchias têm de ser cultivadas em sítios abrigados e soalheiros, sem geadas, que matam as árvores jovens. O cultivo pode ser feito a partir de sementes, por enxertia ou por mergulhia aérea. O cultivo a partir de sementes raramente é feito, porque, além de as plantas não nascerem fiéis à variedade, demoram dez ou mais anos até à primeira floração. Além disso, são recalcitrantes, perdem o poder germinativo em pouco tempo. O mais comum é propagar as plantas por enxertia ou mergulhia aérea e já se encontram à venda em Portugal lichieiras de qualidade.

Adaptam-se com facilidade a vários tipos de solo, mas necessitam de uma boa drenagem, de matéria orgânica e de regas regulares. Sendo plantas autoférteis, uma só árvore basta para que se possa obter produção de líchias, embora a existência de várias árvores seja benéfica. Embora a árvore necessite de pelo menos 100 horas de frio para florir abundantemente e aguente frio próximo de zero graus durante curtos períodos, períodos mais prolongados de temperaturas negativas podem matá-la, pelo que, se o inverno for rigoroso, podemos usar manta térmica para proteger a árvore. Existem hoje em dia várias variedades disponíveis no mercado, sendo de destacar a ‘Brewster’, a ‘Bosworth 3’, a ‘Groff ’ ou a ‘Mauritius’. A colheita costuma ser feita quando as líchias já adquiriram a sua cor, devendo-se ter em consideração que se estragam com facilidade e que a refrigeração faz com que a casca fique acastanhada, pelo que os frutos devem ser consumidos rapidamente após a colheita.

Manutenção

A manutenção da líchia não é das mais exigentes. As podas são ligeiras após as podas de formação iniciais e apenas para eliminação de ramos mortos ou doentes e para colheita dos frutos. A líchia necessita de bastante água, sendo cultivada, na China, nas margens de lagos e de rios, mas, por outro lado, não suporta encharcamento do solo; essa é uma das condições necessárias para o seu cultivo, solo bem drenado. Por outro lado, as fertilizações nas suas regiões de origem são bastante espaçadas e sobretudo à base de produtos orgânicos, como resíduos do processamento da soja e do amendoim. Enriquecer o solo com matéria orgânica é extremamente saudável para as lichieiras, ajudando a conservar a humidade do solo e a propagar microrganismos benéficos. Convém também capinar, sobretudo em torno das árvores jovens para reduzir a competição por nutrientes.

Pragas e doenças

Como a maioria das frutíferas, também estas árvores estão sujeitas a pragas e doenças. Algumas das doenças estão relacionadas com diversos tipos de podridões, como, por exemplo, a antracnose, mas outras doenças como a ferrugem-vermelha surgem com alguma frequência. Recordemos que o encharcamento pode fazer apodrecer as raízes e matar a árvore, portanto a rega deve ser bem planeada e executada, rega deficiente ou excessiva leva também ao surgimento de outras doenças. Pragas que afetam a lichieira são por exemplo os ácaros, o aranhiço-vermelho, os afídios ou as lagartas.

Propriedades e usos

As líchias são frutos muito apreciados, sobretudo na Ásia, onde, além de frescas, são amplamente comercializadas enlatadas. Em Portugal, é comum estarem disponibilizadas destas duas maneiras, podendo ser consumidas também sob a forma de sumos, compotas, outros preparados alimentares ou mesmo desidratadas. O fruto tem uma coloração cor-de-rosa e o formato e textura de uma pequena pinha em desenvolvimento, com uma casca fina e estaladiça. Não se conserva muito bem, sendo esse um dos seus defeitos, e a refrigeração torna a sua casca acastanhada.

A líchia tem fósforo e potássio, bem como quantidades elevadas de vitamina C e residuais de vitaminas do complexo B, o que traz benefícios para a pele, para o sistema imunitário, para o fígado e para o sistema circulatório. Apesar destes benefícios, as líchias, por poderem causar episódios de quebra de açúcar no sangue, devem ser consumidas com moderação e no contexto de refeições com alimentos variados.

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