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Edição Especial “Novos Agricultores”: Filipe Ribeiro e Mariana Bonet da Sintr’Aromas

Sou natural de Lisboa, e foi lá que cresci e estudei. Foi no início da vida adulta que me mudei para Sintra, onde me formei como técnico de conservação e restauro, profissão que exerci durante dez anos.

Como nasceu o gosto pela agricultura e por cultivar?

Sempre adorei estar na Natureza! Foi em 2012, quando eu e Mariana Bonet (mulher) nos juntámos, que cultivei a primeira horta para consumo próprio. Apesar de não ter experiência prévia na área, foi com a prática que adquiri algum conhecimento e gosto pelas plantas.

Gosto essencialmente de plantas aromáticas e medicinais, e foi isso que me levou mais tarde à destilação das mesmas para obtenção de óleos essenciais.

Foi uma decisão difícil mudar de vida e passar a viver no campo e dedicar-se à agricultura?

Sem dúvida que foi a decisão mais fácil e acertada que já tomei. Tenho de reconhecer o quão privilegiado sou – assim como a minha família! – por ter acesso a alimentos livres de pesticidas e cultivados com cuidado e respeito pela Natureza.

Consegui encontrar no campo a qualidade de vida que não tinha na zona urbana.

A agricultura é uma atividade que faz em exclusivo ou tem outra atividade profissional em paralelo?

Inicialmente, conseguíamos conciliar a agricultura com os nossos trabalhos. Na altura, não esperávamos que a Sintr’Aromas crescesse tanto nos últimos anos como cresceu.

E, por isso, desde há cinco anos para cá que eu e a Mariana nos dedicamos a 100% a este projeto.

Sentiu necessidade de fazer alguma formação na área agrícola? Que tipo de formações fez?

Na altura em que decidimos dedicar-nos em exclusivo à agricultura, procurámos consolidar conhecimentos e aprender novas práticas, por isso ambos optámos por fazer formação em agricultura biológica. No meu caso, tirei formação na Agrobio.

A agricultura que pratica é biológica? Porquê essa opção?

Sim, é com este método de produção que nos identificamos na Sintr’Aromas, porque as preocupações éticas e ambientais estão no topo das nossas prioridades enquanto produtores.

É fundamental respeitar os ecossistemas, os elementos e os ciclos. Além de utilizar menos recursos, reduz a pegada ecológica, cria alimentos mais ricos e sem riscos para a saúde. No fundo, respeita a Natureza em todas as suas formas.

Que tipo de produtos cultiva ou produz e como os distribui e comercializa?

Além dos hortícolas de época e ervas aromáticas, produzimos também flores de corte como statices e dálias. Utilizamos também a produção própria de ervas aromáticas e medicinais para obtenção de óleos essenciais e águas florais, que comercializamos através da marca Sintr’Aromas.

Somos presença assídua no mercado de produtores locais, em Almoçageme (Colares). Recentemente, iniciámos entregas de cabazes ao domicílio.

Além da produção agrícola, tem outro tipo de atividade ligada a este sector, como formação, transformação de produtos ou outra?

Como me dediquei à extração e produção de óleos essenciais, costumo realizar com alguma frequência Oficinas de Extração de OE, algo que pretendo retomar quando esta fase menos boa passar.

Quais as maiores alegrias e benefícios que esta atividade lhe traz?

Sem dúvida que o que mais nos apaixona nesta vida da agricultura é podermos trabalhar diariamente ao ar livre, em sintonia com a

Natureza, sem estarmos confinados a um espaço fechado e à correria urbana. O maior benefício é a concretização pessoal, que chega com o feedback dos clientes!

A relação de proximidade entre produtor e consumidor facilita todo o processo e garante que recebem o melhor produto diretamente da horta à sua casa.

Já alguma vez se arrependeu desta opção? Quais as maiores dificuldades que já sentiu na implementação desta atividade de produção agrícola?

Nunca me arrependi, mas não nego que há alturas difíceis. É uma profissão exigente, sobretudo porque é um trabalho muito físico.

Não nos é permitido tirar férias nem há horários fixos; é trabalhar enquanto a luz do dia permite… Foi uma opção de vida que nos obrigou a uma disponibilidade 24/7.

Cultiva também para consumo próprio?

Desde o primeiro dia! Neste momento, com dois filhos pequenos, faz mais sentido ainda.

Qual a mensagem que quer deixar aos leitores da Jardins que queiram começar a cultivar para consumo doméstico ou para comercialização?

Agora, mais que nunca, recomendo muita leitura sobre o assunto e muita observação. Cultivar alimentos é uma prática que estimula hábitos alimentares saudáveis.

Não precisam de muito; seja num vaso ou canteiro, encontrem a vossa motivação e mãos na terra!

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