Frutícolas

Morangueiro: saiba como cultivar

Um morango delicioso, fácil fácil de cultivar e rico em antioxidantes.

cultivar morangos

Nomes comuns

Morangueiro, morangueiro-dos-bosques, morangueiro-dos-alpes.

Nome científico

Fragaria spp. ou Fragaria x ananassa (híbrido de duas espécies F. chiloensis e F. virginiana).

Existem também a F. vesca (morangueiro-silvestre) e F. moschata (fruto maior que o silvestre) entre cerca de outras 20 espécies comestíveis.

Origem

Europa (Fragaria x ananassa) — as espécies de que resultou este híbrido vieram do Peru (F. virginiana) e do Chile ou Argentina (F. chiloensis).

Família

Rosaceae

Factos históricos e curiosidades

A primeira espécie de morangueiros (selvagens) foi domesticada há 2000 anos e a espécie mais comercial nasceu apenas há 250-300 anos.

Os antigos romanos e gregos já cultivavam o morangueiro-selvagem em 23-79 d.C. Plínio descreve o fruto como “Fraga” (fragrância) e como um pro- duto natural da Itália.

As primeiras referências do cultivo de morangueiros aparecem apenas na literatura francesa de 1300. Sabia-se que o rei Carlos V tinha mais de 1000 morangueiros nos jardins reais do Louvre, em Paris.

Só em 1766 é que Duchesne (botânico francês) determinou que as atuais variedades de morangueiros eram híbridas de F. chiloensis x F. virginiana e deu o nome de Fragaria x ananassa para salientar a fragrância a ananás vinda do fruto.

Os principais produtores de morango são os Estados Unidos, Espanha e Japão.

Características/morfologia

Planta herbácea permanente que tem uma “coroa” central (caule aéreo), de onde nascem as folhas, raízes e os “estolhos” (braços), caules especializados (de onde surgem novas plantas) e as inflorescências.

As folhas são verdes-escuras e muitas caem no inverno para aparecerem novas na primavera.

As raízes podem alcançar os 10-30 cm de profundidade e são fasciculadas, com grande número de raízes primárias (20-30), e podem viver 2-3 anos.

Polinização/fecundação

O pólen dos morangueiros não germina se estiver abaixo dos 11 ºC e acima de 30 ºC, em dias curtos, com pouco sol e também se a planta registar carências de boro.

A polinização é anemófila e entomófila (abelhas e abelhões). Os cultivares são maioritariamente hermafroditas e autoférteis.

Ciclo biológico

Plurianual, 1-3 anos, mas pode ser anual (a maioria prefere um ano), desde a plantação até à colheita, 90-120 dias.

Variedades mais cultivadas

Existem centenas de cultivares com diferentes fotoperíodos, precocidades (remontantes e não remontantes), sistema de cultura (sem solo, ar livre) e características qualitativas do fruto (dimensões, forma e conteúdo).

Assim temos as seguintes variedades: “Alexandria” (morango alpino “Camarosa” (mais cultivada no mundo), “Selva”, “Chandler”, “Oso Grande”, “Pajaro”, “Gorella”, “Pocahontas”, “Seascape”, “Tudla”, “Elsanta””Honeoye”, “Emily” (precoce), “Tamella”, “Eros”, “Darselect”, “Pegasus”, “Alice”, “Bolero” (perpétuo), “Totem”, “Sequoia” (remontante).

Parte Comestível

O fruto (falso fruto ou estéreo) é constituído por um recetáculo carnudo onde estão os aquénios, composto pelas sementes (fruto múltiplo de aquénios).

Condições Ambientais

Tipo de clima:

Temperado, subtropical e climas sub-ártico e desértico, consoante a variedade.

Solo:

Leve ou textura média, arejado, com boa drenagem, rico em matéria orgânica e capacidade de reter água. O pH ideal situa-se nos 5,5-6,7.

Temperaturas:

Ótimas (vegetação): 18 a 25 ºC.
Min: -30 a -12 ºC.
Max: 35 a 40 ºC, consoante a cultivar.

Paragem do desenvolvimento:

2-3 ºC. O fruto precisa sempre de um determinado número de horas de frio (250-1500) entre os -1 ºC e 10 ºC, para quebrar a dormência (depende dos cultivares).

Fotoperíodo:

A maioria dos cultivares na Europa necessita de 8-14 horas de sol.

Exigências hídricas:

400-600 mm/ano.

Humidade atmosférica:

60-80% humidade relativa.

Altitude:

de 0-1400 metros.

Fertilização

Adubação:

Utilizar estrume de ovelha, vaca (bem decompostos) e de minhoca.

A matéria orgânica deve ser alta, entre os 3,5-4,5%. O potássio natural de rochas deve ser adicionado ao solo.

Adubo verde:

Mostarda, cereais de inverno, trevos.

Extração de nutrientes (Kg/ha): 61-135 (N), 48- 85 (P), 148-218 (K).

Exigências nutritivas (relação dos principais elementos):

2:1:4 ou 2:1:3 (N:P2O5:K2O), mais cálcio e ferro.

Técnicas de Cultivo

Preparação do solo:

Lavrar o solo com uma subsoladora. No caso dos adubos verdes, estes devem ser cortados e enterrados com uma fresa de “colheres” de ângulo aberto e grade de discos.

A armação dos camalhões pode ser ligeiramente elevada (30-40 cm altura), colocando os morangueiros na parte mais alta, em filas simples, duplas ou triplas. A distância entre os camalhões deve ser de 60-80 cm.

Espalhar palha (linho, trigo ou centeio) ou caruma do pinheiro entre os canteiros, com espessura de 6-8cm (no caminho), e colocar uma tela anti-ervas para solo, resistente (3-4 anos) no camalhão.

Multiplicação:

Por estolhos frescos enraizados e aquisição de morangueiros com coroas de diâmetros entre 11-18 mm e por divisão de “coroas” (método menos utilizado).

Ao plantar, a coroa tem de estar ao nível do solo.

Data de plantação:

No outono (outubro-novembro) com plantas frescas.

Compasso:

50-80 cm de distância entre as linhas e 20-40 cm entre plantas na mesma linha.

Rotações:

Com cereais de inverno, gramíneas, sendo o milho um bom precedente. Deve ter um intervalo de 3-4 anos até voltar ao mesmo local.

Consociações:

Tagetes (repele nematodes), gerânio, sálvia, papoilas, tomilho e borragem, boas para atrair abelhas e abelhões.

Feijões, alface, alhos, cebolas e espinafre.

Amanhos:

Os morangueiros antes de plantados podem ficar a -1 ºC durante alguns dias; limpar todas as folhas secas e com problemas no outono; poda e remoção de coroas em excesso (nas culturas de dois anos); eliminação das guias; eliminação das flores e corte das folhas, deixando apenas as folhas centrais novas (plantações plurianuais) depois da colheita; sachas; monda de infestantes.

Regas:

Maior necessidade no período que vai desde a floração até à colheita. Fazer a irrigação por gotejamento em polietileno, do tipo “T-Tape”.

O consumo de água durante o ciclo varia entre 4000 e 8000 m3. Regar com intervalos de 3-6 dias.

23 a 29 de dezembro

Entomologia e patologia vegetal

Pragas:

Ácaros, tripes, afídios, áltica, lesmas e caracóis, nematodes e pássaros.

Doenças:

Oídio, podridão da raiz, verticilose, po- dridão cinzenta, antracnose, fusariose, mancha vermelha das folhas e algumas viroses.

Acidentes/carências:

Falta de ferro e boro; sensível a salinidade.

Colheita e utilização

Quando colher:

De forma manual, assim que os frutos se apresentem com a cor vermelha, pelo menos 3/4 da superfície.

O fruto deve ser colhido com o cálice e uma pequena parte do pedúnculo. As colheitas devem ser diárias ou de dois em dois dias.

Produção:

60-70 t/ha/ano.

Condições de armazenamento:

O fruto é muito perecível, por isso, apenas se consegue manter 5-10 dias à temperatura de 0,5-4 ºC e humidade relativa de 85-95% com oxigénio e dióxido de carbono controlados.

Melhor época de consumo:

Abril-junho.

Valor Nutricional:

Grande quantidade de vitamina C, é uma ótima fonte de vitamina B9, silício, potássio, magnésio, cálcio, ferro e fibra.

Época de Consumo:

Primavera-verão (maio-julho)

Usos:

Pode consumir-se em fresco com chantilly. Também é utilizado em tartes, gelados, iogurtes, compotas e muitas outras sobremesas.

Medicinal:

Grande atividade antioxidante (con- tém antocianinas), utilizado no tratamento de reumatismo e gota. Tem propriedades diuréticas, laxativos e depurativos.

Conselho de especialista:

Para uma família de 4 pessoas, 40-50 plantas chegam. Os morangos devem-se consumir na sua época natural.

Caso não seja biológico, devem lavar-se muito bem, estes são dos frutos que tem mais resíduos de pesticidas (ficam no Top 10 dos mais contaminados).

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