Pragas e Doenças

Verão é tempo de insectos e… pragas!

Escaravelho da batateira

Com o tempo de Verão a aquecer, as plantas aumentam a sua atividade. Com as condições verificadas este ano, com bastante chuva, os crescimentos tornam-se vigorosos e abundantes.

A meteorologia favorável para as plantas permite também que pragas e insectos se desenvolvam de forma igualmente rápida e severa.

Felizmente, que quando existem condições para pragas, estas são também propícias aos seus inimigos naturais.

Por isso, devemos tentar reconhecer os insetos que encontramos no jardim ou na horta e perceber de que lado estão… E muitos estão do nosso lado.

Os insetos são um grupo de animais riquíssimo, tanto em número de espécies, como nas diferentes estratégias que utilizam para sobreviver.

Basta reparar que no nosso jardim, se olharmos para uma planta, o mais provável de vermos primeiro será um inseto.

Parte deles alimentam-se de plantas, danificando-as ou transmitindo doenças vegetais. Outra grande parte, os auxiliares, alimentam-se dos insetos que os seres humanos consideram prejudiciais.

De uma forma geral, nos nossos jardins e hortas, os grupos de pragas mais comuns são:

  • lepidópteros (borboletas e suas lagartas);
  • coleópteros (escaravelhos);
  • tisanópteros (tripes);
  • afídeos (também chamados pulgões ou piolhos-das-plantas);
  • cochonilhas;
  • e dípteros (moscas).

As borboletas e as traças

São de fácil reconhecimento, bem como as lagartas, e são estas últimas as que causam estragos dado que se alimentam de folhas ou outros órgãos das plantas.

Apesar de os adultos serem bonitos, algumas espécies podem ser muito destruidoras na horta, como no caso da borboleta-da-couve (Pieris brassicae).

Os seus estragos são facilmente reconhecidos uma vez que, geralmente, correspondem a roeduras perto das quais é habitual encontrar-se o culpado.

Os escaravelhos

Os coleópteros também possuem muitas espécies praga como o famoso escaravelho-da-batateira (Leptinotarsa decemlineata), ou o escaravelho-da-palmeira (Rhynchophorus ferrugineus).

De uma forma geral, os coleópteros são facilmente reconhecidos pelo seu aspeto blindado, resultado de as suas asas protetoras serem muito duras e ricas em quitina.

Este grupo tem hábitos muito variados, desde espécies que se alimentam de folhas como outras que preferem alimentar-se de raízes no solo.

Roseira atacada por escaravelhos

Os tripes são insetos muito pequenos, raramente excedendo 1 mm, que são frequentemente encontrados em flores. São insetos que se alimentam picando e sugando as plantas.

Algumas espécies preferem alimentar-se em folhas, causando pequenas manchas prateadas com pequenos pontos negros.

Estes sintomas são muito frequentes em pepino e em feijão-verde. No entanto, o pior problema associado aos tripes é o facto de estes serem transmissores de vírus de plantas.

Os afídeos são talvez o grupo mais comum pragas e insectos. É habitualmente reconhecido por toda a gente, uma vez que formam colónias grandes nas plantas durante a primavera e verão.

Também se alimentam sugando a seiva das plantas e, tal como os tripes, podem transmitir doenças às plantas.

Os afídeos reproduzem-se rapidamente porque as fêmeas dão à luz crias vivas que, em poucos dias, estarão também a produzir as suas crias.

As cochonilhas

São insetos muito discretos, muitas vezes reparamos numa planta que não está com bom aspeto e não se vê o que poderá estar a causar os sintomas, uma vez que a deteção das cochonilhas pode ser difícil.

Este grupo também é rico em espécies com aspetos diferentes.

De uma forma geral, são insetos que não gostam de se movimentar muito pela planta, preferindo permanecer num local adequado para a sua alimentação.

Os afídeos

Tanto estes como as cochonilhas produzem um sintoma muito característico que permite reconhecer a sua presença. Ao alimentarem-se de seiva, estes insetos ingerem açúcares em excesso para as suas necessidades.

Por isso, são obrigados a excretar esse açúcar para fora do corpo sob a forma de uma substância a que se chama melada.

A acumulação de melada nas folhas leva ao surgimento de fungos que aproveitam esse açúcar, criando um manto escuro com aspeto sujo, a que se chama fumagina.

Em certas alturas do ano, ao passar debaixo de algumas árvores, reparamos que o chão está peganhento, e até escuro. E isso deve-se à alimentação dos insetos nas folhas.

Este fenómeno causado por pragas e insectos pode ser comum em árvores de arruamento como as olaias, as tílias e os bordos.

A presença de afídeos ou cochonilhas nas plantas também pode ser indicada pela presença de muitas formigas, uma vez que estas se alimentam da melada produzida e, em troca, protegem os afídeos/cochonilhas dos seus inimigos naturais.

As moscas

Os dípteros (moscas) também podem ser bastante prejudiciais. Apesar de incómodas, as moscas-domésticas não são prejudiciais para o jardim ou horta, podendo mesmo ser benéficas.

Normalmente as espécies praga são as moscas que se alimentam de frutos, como a mosca-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata), a mosca-da-azeitona (Bactrocera oleae) ou a mosca-da-cereja (Rhagoletis cerasi). Estas espécies depositam os seus ovos em frutos.

Após a eclosão, as larvas alimentam-se no interior dos frutos, contribuindo para o seu apodrecimento prematuro.

Mosca-do-Mediterrâneo

A mosca-do-mediterrâneo é particularmente perigosa por ter a capacidade de se alimentar de um grande número de espécies diferentes de frutos.

Os ácaros

Outro grupo importante com várias espécies praga é o dos ácaros. E ao contrário dos insetos, os ácaros têm habitualmente oito patas e nunca têm asas. São aracnídeos tal como as aranhas e escorpiões.

Os aranhiços

Nos jardins e hortas, podem ser comuns os chamados aranhiços-vermelhos (tetraniquídeos).

São chamados de aranhiços, porque formam teias nas quais se deslocam e, protegem dos predadores.

Estas teias cobrem as folhas e normalmente são produzidas quando as populações de ácaros são elevadas. Geralmente, formam colónias numerosas e o seu ciclo de vida é bastante curto.

Sintomas de aranhiço vermelho

Estes ácaros alimentam-se picando a superfície da folha, originando um aspeto amarelado e quebradiço.

São muito frequentes em roseiras, lantanas, mas também em muitas hortícolas como o feijão, curgete, pepino, etc.

Numa próxima edição iremos abordar os auxiliares que frequentemente visitam os nossos jardins ou hortas e que nos ajudam no combate a estas e outras pragas e insectos.

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